Paul Ryan

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A escolha de Paul Ryan tem quatro grandes méritos para a campanha de Romney. Primeiro, foca os holofotes mediáticos de agosto no ticket republicano, culminando na Convenção da Florida do final do mês. Romney responde à queda nas sondagens com três semanas de protagonismo nacional. Segundo, eleva o debate. Ryan é o ideólogo financeiro e económico do partido na Câmara dos Representantes, é católico e segura os eleitores do Tea Party e demais desconfiados da intervenção federal. Vai permitir a Romney ser o moderado do ticket. É um político articulado, com gosto pelo debate de ideias e telegénico. O debate com Joe Biden ser-lhe-á, à partida, favorável. Terceiro, clarifica o debate e as soluções para a economia, dando aos eleitores opções distintas. Isso vai ser bom para a campanha. Por fim, olha para o Midwest como o mapa a conquistar, dada a proximidade de Ryan a estados como Wisconsin ou Ohio. Mas a escolha de Ryan traz também problemas a Romney. Desde logo, porque a qualidade do seu "vice" supera-o. Esta diferença vai ser evidente nos próximos meses, o que dará ao eleitor a ideia de que Ryan será para Romney o que Cheney foi para Bush: muito mais do que um número dois. Além disso, o radicalismo financeiro de Ryan, tendo o mérito de clarificar o debate, afasta muitos eleitores reformados e mais pobres. Em 2008, Obama só conseguiu 47% do eleitorado acima dos 60 anos (66% abaixo dos 30 anos): Ryan pode ser a ajuda que ele precisava em estados decisivos como a Florida.

Por fim, Paul Ryan tem duas contradições insanáveis, certamente aproveitadas pelos democratas: beneficiou do sistema de segurança social (do qual hoje discorda) quando o pai morreu, permitindo-lhe continuar os estudos superiores, e não tem qualquer experiência profissional fora dos corredores do Congresso. Não se pode querer reduzir o peso de Washington e ter vivido apenas das suas benesses.

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