Pato manco

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Os americanos chamam Lame Duck aos políticos em funções que já têm um sucessor eleito. Traduzido à letra, a expressão quer dizer "pato manco". Ora, de um "pato manco" espera-se que não corra, apenas vá caminhando. Aplicado aos políticos, significa que não é tempo de tomar grandes decisões, mas sim de passagem de testemunho.

Ora, tudo ao contrário do que Barack Obama está a fazer, seja proibindo a exploração petrolífera no Ártico, seja ordenando ao embaixador na ONU para não usar o veto em proteção de Israel numa resolução sobre os colonatos, seja expulsando dezenas de diplomatas russos. Ainda por cima, sabendo-se que o sucessor, Donald Trump, é um campeão das energias fósseis e cético do aquecimento global, um falcão em tudo o que diz respeito ao Estado Judaico e grande admirador de Vladimir Putin.

Faz mal o democrata Obama? Os seus dirão que não, os trumpistas que sim. Mas fora as ideologias, há três pontos que legitimam as opções do ainda presidente: 1) até 20 de janeiro, continua a ser o presidente dos Estados Unidos, duas vezes eleito e com um recorde de votos; 2) de certo modo não é um verdadeiro "pato manco", pois não perdeu as eleições para Trump (ao contrário de George Bush pai, em 1993, quando mandou desembarcar tropas na Somália já com o rival Bill Clinton eleito; 3) o sucessor republicano tem mostrado pouca paciência no que diz e faz enquanto espera pela posse, como mostrou com o caso do telefonema com a presidente taiwanesa ou com a pressão sobre o líder egípcio para adiar a moção crítica de Israel.

Mas a legitimidade das ações de Obama não significa que as suas decisões de última hora não arrisquem ser a prazo contraproducentes para a América. O caso do choque com Israel (apoiado pelo francês François Hollande, também de saída mas pela porta pequena) é o mais evidente.

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