Patamar de riqueza continua estável apesar da pandemia

Ativos financeiros detidos pelos portugueses, como depósitos e ações, deverão registar um crescimento de 3% ao ano até 2025, estima consultora. Fortunas de mais de 100 milhões vão aumentar.
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O nível de riqueza em Portugal fixou-se nos 600 mil milhões de dólares (cerca de 492 mil milhões de euros) em 2020, não registando qualquer variação face ao ano de 2019 apesar da crise pandémica que abalou a economia nacional. Já a riqueza a nível global atingiu o máximo histórico de 250 biliões de dólares, um aumento de 8% face ao exercício homólogo, avança o relatório "Global Wealth 2021 - Quando os clientes assumem a liderança", da consultora Boston Consulting Group (BCG). A poupança das famílias e a resiliência dos mercados à pandemia são as razões apontadas para esta performance. Até 2025, o país deve registar um crescimento da riqueza de 3% ao ano, atingindo nessa altura um valor da ordem dos 700 mil milhões de euros.

De acordo com o relatório, a maioria da riqueza (entenda-se ativos diversos, hipotecas e outros empréstimos) está concentrada em 8,4 milhões de pessoas (51% do total), que detêm individualmente menos de 250 mil euros, valor que até 2025 deverá cair dois pontos percentuais. No ano passado, contavam-se 200 grandes fortunas no país (12%), ou seja, pessoas com um nível de riqueza superior a 100 milhões de dólares (cerca de 82 milhões de euros), um segmento que a consultora prevê registar um aumento de um ponto percentual até 2025. Entre os 20 e 100 milhões, há 1100 portugueses (7%), com património entre 1 e 20 milhões contam-se quase 40 mil ( 19%) e por uma riqueza entre 250 mil e um milhão respondem mais de 155 mil portugueses (11%).
A maioria da riqueza em Portugal está concentrada em moeda e depósitos.

O relatório demonstra que 46% da riqueza em Portugal está indexada a estes ativos, acima do que se passa na Europa (30%) e no mundo (28%). A segunda classe de ativos que os portugueses mais privilegiam são os investimentos em ações e em fundos, com um peso de 30% no volume de riqueza. Os seguros de vida e pensões são a terceira classe, valendo 16%. A consultora prevê que o interesse por investimentos em ações e fundos deverá aumentar nos próximos cinco anos, perspetivando um incremento anual de 3,2%.

"O conservadorismo do investidor português tem-no protegido dos impactos das crises nos mercados financeiros", diz em comunicado Pedro Pereira, sócio da consultora em Portugal. Na sua opinião, "com o crescimento do segmento com fortunas acima dos 100 milhões de euros, é expectável que cresça também o apetite por outras classes de ativos de maior risco".

Segundo os dados da consultora, Portugal representou no ano passado 1,1% da riqueza da Europa ocidental, que se cifrou nos 54 biliões de dólares, e 0,8% dos ativos tangíveis. A BCG realça que o país não acompanhou o crescimento verificado na região, que respondeu por um incremento de 5%, mas evidenciou melhores resultados no que toca aos ativos tangíveis, registando nesta componente um aumento de 6% face aos 4% observados no contexto europeu. As perspetivas da consultora apontam para um aumento de 4% da riqueza portuguesa neste domínio até 2025, acima dos 2% previstos para a Europa Ocidental.

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