A mensagem que Passos Coelho levou hoje a Aveiro, onde abriu a conferência "Global Compact Network Portugal", dedicada à responsabilidade social das empresas, insistiu na necessidade de reformar "estruturas e instituições que sejam obstáculo à aplicação económica dos talentos e capacidades dos portugueses"..Na sua intervenção, Passos Coelho explicou que os esforços de 20 meses de governação tiveram por objetivo "impedir que a dívida acumulada e a incerteza internacional levassem à rutura do financiamento externo e à incapacidade do estado cumprir os seus compromissos"..Agora a prioridade para o primeiro-ministro é preparar o país para uma despesa sustentável, sem a qual a coesão social será "terrivelmente afetada", até porque o desemprego não pode ser combatido sem criar condições para a criação de riqueza, o que a seu ver passa pela adequação das estruturas do Estado a esse objetivo.."Nós não partilhamos da cega adoração do Estado. Não achamos que tudo pode mudar menos as estruturas do Estado, mesmo quando visivelmente funcionam mal", criticou Passos Coelho, realçando que o Estado social "não faz aquilo que deve fazer tão bem como deveria" e "é menos eficaz do que o Estado social dos parceiros europeus", como se vê pela taxa de pobreza superior à média europeia..O primeiro-ministro apelou por isso à unidade e a um consenso mais amplo para ultrapassar a crise e empreender as reformas necessárias, garantindo que o Governo "colocou no topo da sua agenda política o diálogo social", mas não a qualquer preço.."Queremos um consenso assente na procura do interesse geral, do bem comum. Qualquer outra base para o consenso social será estabelecida à custa de alguns e para benefício de outros", comentou..Passos Coelho aproveitou para recordar "alguns processos de diálogo social" já realizados, como o "Compromisso para o Crescimento" que apenas a CGTP não subscreveu, o acordo alcançado com os sindicatos dos médicos sobre horários e carreiras, o novo regime de avaliação de docentes, a reforma do trabalho portuário "que apenas os sindicatos de Lisboa e Aveiro não aceitaram negociar", e a regularização da transição das tabelas remuneratórias dos militares, "em diálogo com as chefias militares e com a sua participação"..Para Passos Coelho, há condições para um consenso social alargado porque existe "um entendimento comum das dificuldades e a convicção muito forte de que elas devem ser combatidas com uma repartição ampla dos sacrifícios".