Passos diz que não se pode investir em "maus negócios" só porque são de "amigos do liceu"

Primeiro-ministro não aborda caso judicial de Sócrates, mas lembra erros do passado. Elege o combate às desigualdades sociais como a grande prioridade para os próximos anos
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Após o ataque de Paulo Rangel sobre a relação do PS com a justiça, o primeiro-ministro evitou esta manhã referências ao caso judicial de José Sócrates, mas não deixou de lado críticas ao "passado", dizendo que "não podemos canalizar investimento para maus negócios só porque são nossos amigos, porque confiamos neles, porque foram nossos colegas no liceu, na universidade ou do nosso partido".

Na mesma linha e em ataque aos jobs for the boys, Passos Coelho afirmou que "os governos não servem para trazer os amigos, servem para trazer os competentes". O primeiro-ministro recusa-se a "chover no molhado" e avisa que o tempo das obras públicas acabou e que os que ficaram desempregados terão de se mudar para outras áreas de atividade emergentes e agarrar as "novas oportunidades". "Nenhum responsável político pode dizer que vamos voltar a ter o investimento em obras públicas. Porquê? Porque não precisamos. Precisamos de invesimento, mas noutras áreas", defendeu.

Passos Coelho, que teve aqui o segundo round da rentrée após a paragem habitual na Manta Rota, lembrou que "para crescer, precisamos de ter investimento. Parta ter investimento, precisamos de ter as contas em ordem. O resto, como se recordam, é uma história para crianças".

Prestes a entrar em velocidade cruzeiro de campanha eleitoral, Passos Coelho assumiu que quer conquistar votos fora da área política do PSD e do CDS, dizendo que não estão em causa "questões ideológicas", mas sim Portugal "ter mais liberdade económica, financeira e social". O primeiro-ministro pediu que seja feito um "cálculo racional" por parte dos portugueses, apelando a que "pensem não apenas no período difícil que passámos, mas no futuro que estamos a construir".

Para a escolha de outubro, Passos apela a que os eleitores não pensem apenas no legítimo "interesse individual", mas acima de tudo no "interesse da sociedade portuguesa". Embora tenha defendido um maior liberalismo económico, com regulação, o primeiro-ministro tentou aproximar-se do eleitorado à esquerda do PSD quando disse que "teremos de colocar o combate às desigualdades sociais no topo da nossa agenda política nos próximos anos".

O presidente do PSD disse que hoje o governo tem hoje "mais condições do que outros no passado" para conseguir esbater as desigualdades. Passos lembrou que esta é "a primeira vez que esteve no governo" e numa análise aos últimos quatro anos atirou: "Foi difícil, mas valeu a pena":

Para Passos Coelho "podemos aspirar a ser uma economia mais avançada para ter uma sociedade mais justa", mas isso "não cairá do céu" e "não é uma questão de fé", sendo "preciso muito trabalho: e acredito que os portugueses têm essas qualidades."

Após uma semana em que ministros e dirigentes social-democratas atacaram António Costa em quase todos os dias da Universidade de Verão, Passo Coelho não o fez, preferindo apenas referências genéricas aos erros do passado.

Esse papel ficou a cargo, minutos antes, do líder da JSD, Simão Ribeiro, que dirigiu, em forma de discurso, uma carta aberta ao "maior de todos os indecisos: o dr. António Costa", lembrando as várias versões do programa macroeconómico do PS. Exigiu ainda que António Costa "peça desculpa aos portugueses" por ter sido o número dois do governo de José Sócrates.

Simão Ribeiro criticou ainda a aposta do PS no consumo interno, explciando que não é apenas porque os socialistas acreditam nisso que os portugueses vão "passar a compara a pêra rocha ou a laranja do Algarve" em vez de "carros alemães".

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