Passerelle de super-heróis

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O catálogo de intenções de X-Men: Apocalipse está todo no título. A chamada direta para a catástrofe em escala máxima é a certidão pura dos efeitos especiais, que já raramente se vinculam a desígnios narrativos. Haja retina... A verdade é que Bryan Singer, pioneiro deste blockbuster da Marvel (que teve início em 2000), nunca revelou particular interesse pela humanidade das personagens, deixando os mutantes confinados ao espetacular exercício dos seus poderes. Por tal razão, não causa estranheza que, uma vez mais, o enredo de X-Men surja como um balão que se vai enchendo até ao limite, rebentando na pretensão de uma ópera grandiosa.

Há, simplesmente, demasiadas coisas a acontecer e um excesso de população heroica - orientação vertiginosa típica destas sequelas. Na ambição de tornar os casos dos super-heróis cada vez menos paroquiais, X-Men: Apocalipse tem um prólogo com cenário no Egito - a anunciar o mutante adormecido que renascerá para devastar o mundo - e, entre outros panos de fundo, passa também pela Polónia, onde Magneto (Michael Fassbender) está escondido, com família constituída. Novos mutantes deixam-se então descobrir, e a guerra está lançada, com espaventosos jogos mentais, envolvidos numa atmosfera de tonalidade metálica.

Seguindo o exemplo de Batman vs Super-Homem: O Despertar da Justiça, erguido na ideia da paisagem (gerada por computador) como ruína maciça, Apocalipse teria invertido a rota, com inteligência, se olhasse para as mais recentes produções Marvel e 20th Century Fox, que impugnam esse conceito básico do aniquilamento em série: Homem-Formiga e Deadpool. Os super-heróis precisam, urgentemente, de se reinventar, e não é aproximando-se mais da conceção de jogo que o vão conseguir. Não está longe o dia em que os atores, agora rebuçados de cartaz, serão dispensados.

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