Voos com atrasos superiores a duas horas ou passageiros que partiram sem bagagens foram ontem algumas consequências do segundo e último dia da greve dos funcionários que prestam assistência nos aeroportos nacionais. Em Lisboa e, segundo o Sindicato dos Técnicos de Handling dos Aeroportos, todos os voos que partiram ou chegaram à Portela até ao início da tarde registaram atrasos superiores a três horas..No Porto, a paralisação afectou sobretudo a área da pista, onde pelos menos dois aviões - provenientes de Lisboa e um outro vindo da Madeira - aterraram sem bagagem. As demoras mais significativas ocorreram nos voos que partiram da capital. Nos aeroportos do Funchal (Madeira) e de Porto Santo (Açores), o impacto da greve quase não se fez sentir..No Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, o ambiente era de aparente normalidade. No terminal das partidas, dezenas de passageiros faziam o check-in com filas razoáveis, mas num movimento considerado normal para um domingo. Ao longo da manhã, apenas o voo da TAP das 08.35, oriundo de Lisboa, foi cancelado mas, segundo dados recolhidos no balcão de informações, "todos os passageiros foram devidamente encaminhados nos voos seguintes"..Muitas queixas verificaram-se no terminal das chegadas. No grupo de Joaquim Coelho nenhum dos seis passageiros vindos de Itália, com escala em Lisboa, recebeu a bagagem. "Não apareceram. Lá dentro está um tapete de malas cheio, mas não são do nosso voo porque ninguém as foi buscar", desabafou. Aliás, denuncia, alguns passageiros tiveram de tirar as malas do tapete para que outras bagagens pudessem circular: "Não havia nenhum funcionário para fazer esse serviço.".Joaquim Coelho conta que um funcionário do aeroporto o informou que "as malas terão ficado em Lisboa e só vão chegar dentro de dois ou três dias, mas sem certeza"..Revoltado estava Carlos Cardoso que chegou de Barcelona, via Lisboa, sem malas. "Saímos quase com três horas de atraso de Lisboa e ninguém nos disse nada, nem uma justificação ou pedido de desculpas", contou, adiantando que, quanto à bagagem, "talvez dentro de dois ou três dias. .Ao contrário dos voos directos com destino ao Porto, onde não houve indicação de qualquer problemas, nas ligações com escala em Lisboa ouviram-se muitas queixas. "Estivemos uma hora dentro do avião em Lisboa, à espera da partida, sem que fosse dada qualquer justificação", contou Carla Carvalho. Vinda dos EUA chegou ao Porto sem bagagem: "No nosso voo vinha meia dúzia de malas, mas não eram destes passageiros porque ninguém lhes pegou.".Tal como aconteceu no sábado, a Groundforce - empresa prestadora de serviços de assistência nos aeroportos - e o sindicato continuaram ontem sem se entender quanto aos efeitos que a paralisação provocou nos aeroportos nacionais. O sindicalista André Teive explicou ao DN que pelos menos 70 voos foram cancelados na capital até ao meio da tarde. Os números foram, porém desmentidos pela administração da empresa, garantindo que todos os voos foram realizados "com atrasos não superiores a duas horas"..O sindicalista, por seu turno, assegura que o sector mais afectado com a paralisação foi o das bagagens, onde "milhares de malas" terão ficado em terra. António Matos, porta-voz da Groundforce, esclarece que este número não terá ultrapassado as 350 unidade: "Os casos de passageiros que partiram sem mala corresponde ao normal para esta época."|