Almada Negreiros era o autor da cenografia de O Mar, a peça de Torga que Carlos Avilez encenava no Teatro Experimental de Cascais, em que se destacava Mirita Casimiro e se estreava António Feio. A quase lendária Maria Lalande, após um afastamento de sete anos, "reaparecia" em As Raposas, de Lilian Hellman (dramaturga companheira de Dashiell Hammett), levada à cena por Rogério Paulo, no Teatro Villaret, e interpretada também por Eunice Muñoz e João Perry. No Festival do Teatro Parisiense do São Luiz, os actores Arletty (famosa desde o filme de Marcel Carné, Hôtel du Nord, de 1938), Yves Vincent e Huguette Hue eram os principais nomes em Les Monstres Sacrés, a obra de Jean Cocteau encenada por Henri Rollan. Em Alfama, porém, ninguém parecia muito interessado nestas peças..No tempo em que as vedetas do teatro de revista passeavam pelos bairros lisboetas, como sucedia com o elenco de Tudo à Mostra, o DN publicava, a 20 de Maio de 1966, uma fotolegenda com o título O Parque Mayer visitou Alfama. No arquivo ficavam outros clichés dos actores naqueles becos e na popular Sociedade Boa União, fundada em 1870.."A companhia do Maria Vitória visitou ontem, ao fim da tarde, o Bairro de Alfama. Gentilmente, os artistas disseram 'sim' aos inevitáveis pedidos de autógrafos, originando-se a normal aglomeração popular. Camilo de Oliveira, o 'senhor Jeremias' da televisão, arrecadou o maior somatório de sorrisos de fãs, ficando 'grego' - e de caneta em riste... - no meio de tanta balbúrdia", lia-se na página do DN..A publicidade sugeria: "Vá rir com os seus artistas preferidos, aplaudindo o melhor e mais alegre espectáculo, pelo maior e melhor de todos os elencos!!!" - com três pontos de exclamação. As notas de Imprensa reforçavam o "pleno triunfo" desta "grande e alegre" revista, com "realização" de Rosa Mateus e "coreografia de mestre Charles". No elenco, "o popularíssimo actor cómico Camilo de Oliveira e a alegre e insinuante vedeta popular Ivone Silva, a grande cantora brasileira Maria Helena, Spina, Ângela Ribeiro, Yola, Octávio de Matos, a vedeta do fado Ada de Castro, a cançonetista Rogélia Paulo, o artista convidado Artur Semedo, em papéis expressamente escritos [para ele], e Barroso Lopes no seu brilhante compére"..Passados 15 anos - o calendário marcava 1981 -, Camilo de Oliveira e Ivone Silva garantiam outro sucesso, mas na televisão, com o programa Sabadabadu. "Ai! Agostinho!, que rico vinho..." E, afinal, quem terá sido aquele Almada Negreiros? |