Parque Gezi reaberto depois de novos confrontos
Nos protestos que se concentraram sobretudo na rua Istiklal, uma artéria comercial da cidade, pelo menos uma pessoa ficou gravemente ferida e 35 foram detidas, na sua maioria membros da Ordem dos Arquitetos e de associações profissionais semelhantes.
O emblemático parque, fechado ao público desde 15 de junho, foi aberto na segunda-feira pelo governador de Istambul, Huseyin Avni Mutlu, mas acabou por ser encerrado pela polícia três horas mais tarde para impedir que os manifestantes se concentrassem ali.
"Tivemos que encerrar o parque porque entraram ativistas [...] que empunhavam cartazes e gritavam palavras de ordem", justificou o governador.
Huseyin Avni Mutlu confirmou que, durante os confrontos, foi detido um homem que disparou uma pistola de pressão de ar, numa atitude ameaçadora contra os manifestantes.
Como hoje se assinala o primeiro dia do Ramadão, o mês em que os muçulmanos cumprem jejum durante o dia, as autoridades preveem colocar mesas no parque para celebrar o fim do jejum ao anoitecer, um gesto que está a ser interpretado como uma tentativa de trazer ao disputado espaço grupos mais religiosos, por oposição aos movimentos mais laicos que se opõem ao Governo de Recep Tayriq Erdogan.
Um grupo aliado dos manifestantes, os Muçulmanos Anticapitalistas, anunciou que formará um cordão humano até ao parque também para celebrar o momento da rutura do jejum.
A 31 de maio, uma violenta intervenção policial contra um protesto pacífico destinado a impedir a destruição de 600 árvores, no âmbito de um projeto urbanístico para esta zona de Istambul, implicou o início de protestos à escala nacional contra o Governo do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan e o seu Governo islamita conservador, no poder desde 2002.
Os manifestantes ocuparam o pequeno parque com tendas e permaneceram ininterruptamente no local até serem expulsos pela polícia em 15 de junho.
Desde então, o parque permanecia encerrado. Mas devido à reação popular, as autoridades ordenaram a plantação de mais árvores, enquanto um tribunal anulava a decisão de requalificação do local, ao argumentar que a população da zona não foi consultada sobre o novo projeto.
Os residentes receavam que toda a zona se tornasse num grande centro comercial, enquanto arquitetos e membros de movimentos ecologistas referiam que as propostas para o parque Gezi não respeitavam o meio ambiente.
Os protestos na Turquia, que se prolongam desde maio, causaram já quatro mortos (três manifestantes e um polícia) e cerca de 8.000 feridos.