Parque das Nações quer investir receita do teleférico na freguesia
A Junta de Freguesia do Parque das Nações, em Lisboa, quer receber 5% das receitas do teleférico que percorre, à beira-rio, a urbanização que nasceu com a Expo"98. Atualmente, a percentagem é, segundo José Moreno, presidente da autarquia, entregue pela concessionária do equipamento, a Doppelmayr, à sociedade Parque Expo, em processo de extinção. O objetivo é que o montante, que no ano passado terá rondado os 90 mil euros, possa ser investido na manutenção do espaço público do Parque das Nações.
O argumento de José Moreno é simples: se o teleférico inaugurado em 1998 circula num local em que a manutenção é feita pela junta de freguesia e não pela sociedade Parque Expo, então deve ser a autarquia e não a entidade atualmente em processo de liquidação a receber os 5% das receitas daquele equipamento. Até novembro de 2012, altura em que a gestão do Parque das Nações passou a ser da responsabilidade da Câmara Municipal de Lisboa (CML), era a Parque Expo que tinha a seu cargo essa missão, depois de ter sido criada especificamente para concessionar, organizar e executar os conteúdos, espaço, infraestruturas e equipamento da exposição mundial que se traduziu na transformação de uma área industrial degradada numa das urbanizações mais nobres da capital.
"Não estamos a pedir para cancelar o contrato que existe entre a Parque Expo e a concessionária [até 2027]", ressalva ao DN José Moreno, confirmando a notícia que fora avançada, na semana passada, pela publicação online O Corvo. No ano passado, o teleférico terá rendido à Doppelmayr - que, contactada pelo DN, disse apenas não ter nada a declarar - cerca de 1,8 milhões de euros. Feitas as contas, terão ido parar aos cofres da Parque Expo 90 mil euros. "E as receitas estão a subir", garante o presidente da autarquia.
Ao todo, o teleférico que percorre, só de ida, uma extensão de 1230 metros, tem 40 cabinas com capacidade para oito pessoas. O equipamento, construído pela própria Doppelmayr, circula todos os dias do ano e o preço dos bilhetes varia entre os dois euros para crianças entre os 7 e os 12 anos e idosos e os 3,95 para jovens e adultos entre os 13 e os 64 anos. Até aos 6 anos, o acesso é gratuito e o custo passa, respetivamente, para os 3,35 e os 5,90 euros se a viagem for de ida e volta.
Gestão de mais espaços
O direito a receber parte das receitas do teleférico não é, de resto, a única pretensão da Junta de Freguesia do Parque das Nações relacionada com o fim da Parque Expo, anunciado há quase cinco anos pela então ministra do Ambiente, Assunção Cristas. No início deste mês, foi tornado público que a autarquia quer assumir a gestão da chamada Torre Galp ou Torre Sacor, uma antiga estrutura petrolífera preservada aquando da requalificação do que é hoje o Parque das Nações, e ali instalar, nomeadamente, ateliês de design e quiosques de editoras livreiras (ver caixa). Agora, José Moreno vai ainda mais longe e partilha a intenção de a autarquia que lidera passar a ter a seu cargo instalações existentes no Jardim do Cabeço das Rolas, o hangar da doca do Oceanário e a Porta Tejo.
Em causa, estão estruturas que, aquando da transferência de competência da Parque Expo para a CML, se mantiveram na posse daquela sociedade e que, considera José Moreno, deveriam estar na esfera pública e ser geridas ou pelo município ou, como prefere, pela própria Junta de Freguesia do Parque das Nações. A instalação dos serviços de proteção civil da sua autarquia nos edifícios existentes no jardim projetado por Gonçalo Ribeiro Telles - "é o local com cota mais elevada na freguesia" - e o desenvolvimento de atividades náuticas junto ao Oceanário são as suas propostas. Neste último, estão já em curso projetos com as escolas da freguesia.
"Pagamos 1800 euros mensais para utilizarmos um espaço que deveria ser nosso", desabafa ao DN José Moreno, frisando que é "intolerável" a forma como as estruturas que menciona se degradam de dia para dia. "É preciso acudir, mas não temos poder para isso", remata, indignado.