Parlamento sueco rejeita candidatura de líder conservador a primeiro-ministro

O Parlamento sueco (Riksdag) rejeitou hoje a candidatura do líder conservador Ulf Kristersson como primeiro-ministro de um Governo minoritário dos democratas-cristãos, por 195 votos contra 154 a favor.
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Além dos três partidos do bloco de esquerda, votaram contra dois dos aliados da Aliança de centro-direita, centristas e liberais, porque se opõem a um executivo que dependa do partido xenófobo Democratas da Suécia (SD) - a única força externa que respaldou Kristersson - para ter uma maioria.

É a primeira vez, desde que se implantou um sistema unicameral na Suécia em 1917, que o Riksdag rejeita o candidato a primeiro-ministro proposto pelo Presidente do Parlamento, que terá ainda três tentativas para formar Governo antes de convocar eleições extraordinárias num prazo de três meses.

O resultado era esperado, nomeadamente depois de se confirmar na terça-feira que a líder centrista, Annie Lööf, daria um não ao líder conservador.

"A votação não é sobre se Ulf Kristersson deve ser primeiro-ministro, mas sim sobre darmos um não ao SD, uma influência histórica e única", disse hoje Lööf, sublinhando que é a primeira vez em 14 anos de existência da Aliança (que reúne os partidos de centro e direita) que algum dos seus membros formam Governo sem os outros.

Kristersson já havia lamentado na terça-feira a decisão de Lööf e falou em um dia "triste" para a Aliança, que governou entre 2006 e 2014.

Na sua intervenção prévia à votação, o líder do SD, Jimmie Akesson, criticou que se queira deixar sem uma voz "mais de um milhão de pessoas" que votaram no seu partido, a terceira força parlamentar, com 62 assentos e 17,5%.

Akesson advertiu que na Suécia há uma "nova" situação política e sublinhou que nos países vizinhos (Noruega, Dinamarca e Finlândia) forças similares ao SD fazem coligações com o resto e formam parte do Governo.

No seu país, lamentou, o SD é marginalizado, "mas por pouco tempo".

O presidente do Parlamento, Andreas Norlén, irá reunir-se agora com os líderes das oito forças parlamentares antes de decidir se designa um novo candidato para ser votado no Riksdag ou se outorga um mandato para dirigir os contactos políticos.

Tanto Kristersson, como o primeiro-ministro em funções, o social-democrata Stefan Löfven, fracassaram nas suas tentativas de ter um governo de consenso, por isso Lööf poderia receber o encargo, ainda que não necessariamente seja ela quem encabece o Executivo.

A Suécia está a sofrer um bloqueio político devido ao complicado resultado das eleições gerais de 09 de setembro, vencidas pelo bloco esquerdista de Löfven, cujo partido foi o mais votado com 144 assentos, um a mais do que a Aliança, e com o SD, com o qual ninguém quer fazer aliança, a ter 62.

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