Parlamento grego aprova nome da Macedónia
Emoções à flor da pele no Parlamento grego. Alguns deputados protestaram durante o demorado processo de voto, segundo o qual o nome de cada parlamentar é anunciado e é declarado o sentido de voto. Após várias interrupções, a assembleia ratificou a controversa mudança de nome da Macedónia com 153 votos a favor e 146 contra. Um deputado não estava presente.
No final, Tsipras e os seus próximos do Syriza aplaudiram de pé o resultado da votação, mas as restantes bancadas estavam despidas. Lá fora a chuva afastou os manifestantes.
"Com este acordo, a Grécia (...) recupera a sua história, os seus símbolos, a sua tradição", declarou o primeiro-ministro Alexis Tsipras na quinta-feira à noite, no hemiciclo.
"Chegou o momento de quebrar o círculo vicioso do nacionalismo e olhar para a cooperação futura" entre os dois países, sublinhou Tsipras, considerando que "a opinião pública grega tem sido continuamente enganada".
Para os gregos, Macedónia pertence apenas ao seu património histórico e à província homónima do norte do seu país, berço de Alexandre o Grande. Há quem receie que o pequeno Estado balcânico vizinho possa ter o desejo de anexar esta região grega, que se abre para o Mar Egeu, um acesso de que está privado.
O acordo de Prespa, assinado a 17 de Junho sob a égide das Nações Unidas rebatiza o país vizinho, a Antiga República Jugoslava da Macedónia, como República da Macedónia do Norte.
O texto greco-macedónio é também a porta de entrada para a UE e a NATO para esta antiga república jugoslava, que se encontra entre a Albânia, o Kosovo, a Sérvia, a Bulgária e a Grécia. Atenas vetou as adesões até à ratificação do acordo, o que aconteceu hoje.
No domingo, uma manifestação de 60.000 a 100.000 manifestantes na Praça Syntagma de generou em violência. O governo apontou o dedo aos apoiantes do partido neonazi Golden Dawn que tentavam entrar no parlamento.
O acordo entre Alexis Tspiras e o seu homólogo macedónio Zoran Zaev é contestado na Grécia por 62% dos inquiridos, segundo os resultados de uma sondagem Pulse SKAI TV divulgada na quinta-feira.
A maioria dos partidos políticos opõe-se ao acordo, da extrema-direita aos socialistas Kinal e aos comunistas KKE, bem como à Nova Democracia, de direita.
Além dos deputados do Syriza, Tsipras contou com os dissidentes do seu antigo aliado no governo, os nacionalistas do ANEL.
O acordo tinha sido ratificado no dia 11 pelo Parlamento macedónio.
"É uma vitória para a política da paz", reagiu o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Nikos Kotzias.