Parkinson: Mais de 19 mil pessoas sofrem desta doença neurológica degenerativa
Lentidão de movimentos, dificuldade em apertar botões, andar diferente ou tremores são alguns dos sinais que podem indicar doença de Parkinson. No entanto, estes sintomas, que surgem de forma gradual e que podem ser diferentes em cada pessoa, tendem a evoluir e, nos estadios mais avançados da doença, tornam-se muito incapacitantes. Hoje estima-se que em Portugal existam cerca de 19 mil doentes em estadios mais avançados, mas muitos outros casos ainda por diagnosticar e uma tendência de aumento ao longo dos próximos anos. Sendo uma doença relativamente comum após os 65 anos de idade, os especialistas assumem que o crescimento na sua prevalência aconteça essencialmente devido ao gradual envelhecimento da população em Portugal e na Europa. "Felizmente a nossa população vive cada vez mais tempo, mas com o crescente envelhecimento, cada vez vai ser mais provável termos mais diagnósticos", salienta Leonor Correia Guedes. Esta correlação direta acontece, explica a médica neurologista, especialista em doenças do movimento e professora na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, porque a idade é o fator que mais aumenta a probabilidade de se manifestar a doença.
Antes da pandemia, complementa Joaquim Ferreira, "foi lançado um artigo científico que dizia que a doença de Parkinson seria uma pandemia porque se estima que nos próximos 20 anos o número de doentes vai duplicar". O médico neurologista e especialista em doenças do movimento, diretor clínico do CNS - Campos Neurológico Sénior -, e professor da Faculdade de Medicina na Universidade de Lisboa, revela ainda que há estudos que estimam que esta será a doença neurodegenerativa que mais vai aumentar nos próximos anos, com o fator idade a ser o motivo mais premente, "mas pensa-se que há também outros fatores, nomeadamente a exposição a produtos tóxicos, portanto, a fatores ambientais que podem aumentar o risco destas doenças".
Leonor Guedes e Joaquim Ferreira serão os protagonistas de mais um episódio dos podcasts "Diálogos: Saúde e Futuro", uma iniciativa do Diário de Notícias, com o apoio da AbbVie, que estará disponível no site do jornal. Em debate estará a doença de Parkinson, as suas implicações na saúde dos doentes, mas também o impacto social e económico que a doença tem na sociedade, realçando o papel fundamental dos cuidadores no apoio a quem padece desta patologia neurológica degenerativa. "Ser cuidador é uma luta interior muito grande", aponta Joaquim Ferreira que, acrescenta: "por mais que faça, vai sempre achar que podia fazer mais e cuidar de alguém que tem uma doença que progride e provoca uma perda de autonomia, altera a nossa vida". As associações de doente, recorda Leonor Guedes, é precisamente de apoiar doentes e cuidadores, dando-lhe a informação e as ferramentas necessárias para lidarem melhor com a doença.
E, apesar do aumento estimado nesta doença, a boa notícia é que as terapias também são hoje mais do que há uma década, e também mais eficazes. "Não há nenhum tratamento mais sofisticados que não esteja disponível em Portugal e acessível através do Serviço Nacional de Saúde", revela Leonor Guedes. No entanto, o acesso nem sempre é simples e pode demorar meses até que o doente seja referenciado para fazê-lo. Ainda assim, a esperança numa melhoria da qualidade de vida dos doentes é uma realidade.
Assista ao debate em cima ou ouça o podcast: