Paris expulsa estrangeiros envolvidos em confrontos

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Os estrangeiros condenados em França por envolvimento na onda de violência que, desde 27 de Outubro, abala o país - até agora, 120 cidadãos foram interpelados num total de 1800 -, serão expulsos. Sem demora. Mesmo que tenham vistos de residência válidos. Únicas excepções à razia os menores estrangeiros e os pais de menores franceses. A garantia foi dada, ontem, pelo ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, numa altura em que se anuncia o desmantelamento de um presumível tráfico de armas na região parisiense, "ligado ao banditismo", no qual estariam envolvidos, pelo menos, três cidadãos da Sérvia-Montenegro.

Embalado pelas sondagens, que confirmam o apoio maioritário dos franceses às medidas de força adoptadas contra a violência, nomeadamente o recolher obrigatório, Nicolas Sarkozy continua a apostar no discurso da "firmeza". E, ontem, na Assembleia Nacional, deu mais um passo nesse sentido, até porque há indícios de algum abrandamento nos confrontos entre os jovens das periferias e a polícia o ministro anunciou a iminente expulsão dos estrangeiros, "em todos os casos em que a lei o permita".

Em causa está a aplicação das medidas excepcionais decorrentes da imposição do estado de emergência, oficializada ontem. Uma dessas medidas excepcionais é precisamente a proibição de residência em França aos envolvidos em distúrbios. Outras são as detenções domiciliárias e a celeridade nos julgamentos de suspeitos de violência. E, ainda, a venda de bebidas alcoólicas ou reuniões entre pessoas.

Pedido feito por Nicolas Sarkozy, a última palavra caberá agora aos presidentes das prefeituras onde esses estrangeiros condenados residam, imbuídos que estão de poderes reforçados, que passam, por exemplo, pela imposição do recolher obrigatório em zonas tidas por sensíveis.

Zonas localizadas em 25 departamentos de sete regiões francesas, entre as quais a parisiense. Um conjunto que abrange para cima de 30 cidades emblemáticas, como Toulouse, Marselha, Estrasburgo, Amiens e Avinhão.

Mas, até ao momento, apenas seis desses 25 departamentos decidiram fazer uso da medida, herdada dos tempos da guerra na Argélia, datando do dia 3 de Abril de 1955.

Turismo oblige, a cidade de Paris não entra no recolher obrigatório. Fazê-lo implicaria sitiá-la, sob risco de afugentar os turistas que, sumamente indiferentes ao que se vai passando nos arredores, continuam a afluir em números satisfatórios.

Para já, o edil de Paris, o socialista Bertrand Delanoe, opta pela "segurança reforçada" da cidade, com os transportes públicos que asseguram as ligações aos arredores a serem particularmente escrutinados pela polícia.

Assim, os turistas podem continuar a desfrutar de Paris à noite sem serem incomodados. Mesmo os menores de idade, o que já não acontece noutras regiões igualmente turísticas, como em 30 localidades da Côte d'Azur, no Sul do país, da Normandia, no Oeste, e de Orleães, no Centro.

Enfim, tudo medidas que a maioria dos franceses (73%) aprova, como atesta uma sondagem divulgada, ontem, pelo jornal Le Parisien. Inclusive porque, se falharem, terá de se chamar o exército para devolver a calma nocturna às ruas francesas.

acalmia. Confirmando que as autoridades não tencionam perder o braço-de-ferro que travam com os jovens envolvidos em distúrbios, na noite de terça-feira para ontem foram apenas incendiados 617 automóveis. Apenas, porque este número é duas vezes inferior ao assinalado na véspera. Registaram-se ainda 120 interpelações por parte da polícia e prejuízos materiais em 196 localidades (na noite de segunda para terça-feira tinha sido em 226). Por alto, desde 27 de Outubro, terão sido incendiados mais de seis mil automóveis, além de estabelecimentos de ensino, ginásios, empresas, estabelecimentos comerciais e transportes públicos.

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