Parede de azulejos em restaurante lisboeta finalista de prémio de design britânico

A competição inclui, na maioria, projetos britânicos, mas também do Brasil, Índia, Itália ou Espanha
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A parede de azulejos que decora o interior de um restaurante lisboeta está nomeada para os prémios Surface Design Awards, que distinguem o design de paredes interiores e exteriores, a atribuir em Londres a 11 de fevereiro.

Os azulejos que adornam uma parede do Restaurante Loco, de Alexandre Silva, são da autoria da ceramista Maria Ana Vasco Costa, num projeto da responsabilidade do arquiteto João Tiago Aguiar, e são um dos três finalistas para o prémio na categoria de retalhistas, para as superfícies interiores.

Brancos, em forma 'losangular' e em três dimensões, os azulejos dão relevo à parede branca e o destaque que o arquiteto pretendia para aquela superfície.

"O cliente queria um restaurante diferenciado, que chegasse rapidamente ao guia Michelin e com uma cozinha preta. O espaço tem 150 metros quadrados e aquela parede não é bem perpendicular, é oblíqua", disse o arquiteto à agência Lusa.

Ao encomendar o trabalho à artista, João Tiago Aguiar imaginou "um padrão e um ritmo que assumisse essa diferença e quebrasse a ortogonalidade e a monotonia da forma da sala".

Para Maria Ana Vasco Costa, que no ano passado foi finalista do Mostyn Open, um prémio promovido pelo maior museu de arte contemporânea do País de Gales, os azulejos são uma vertente do seu trabalho que tem a ver com o seu passado profissional.

Formada em arquitetura, começou a carreira em ateliês de arquitetos como David Adjaye e Terence Conran, entre 2004 e 2008, mas o desejo de "meter as mãos na massa" fê-la ingressar na escola de artes visuais Ar.Co, em 2009.

"Não venho da tradição da olaria, tenho formação em arquitetura e tenho esta vontade de explorar padrões, texturas, cores mais à escala da arquitetura", disse a artista, que viveu e trabalhou em Londres durante quatro anos, mas que entretanto regressou à capital portuguesa.

Começou, por iniciativa própria, estudos de módulos de peças tridimensionais em ateliê, e colocou as imagens na sua página de Internet, o que chamou a atenção de arquitetos.

Além deste restaurante, também já fez um projeto para uma moradia em Oeiras e outro de uma fachada de um edifício antigo em Lisboa.

"O objetivo é recuperar a tradição dos vidrados nas fachadas dos edifícios, que se está a perder com a utilização industrial em grande massa. Estão a usar coisas mais fidedignas, que vão aos formos e não alteram cor, mas que [faz com que] a variação de cor das fachadas antigas não aconteça, é tudo muito igual", lamentou.

O seu trabalho, vincou, explora "novas formas, mas também a colaboração com artesãos e esse cuidado diferente tem resultados superiores".

Para o arquiteto, esta é "uma forma de explorar a materialidade e usar um material tradicional mas numa linguagem contemporânea".

A competição inclui, na maioria, projetos britânicos, mas também do Brasil, Índia, Itália ou Espanha, sendo os vencedores dos prémios anunciados no dia 11 de fevereiro, no Business Design Center, em Londres.

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