Quando o primeiro grupo de reféns israelitas foi libertado de Gaza, no âmbito da trégua, o pai idoso de Noam Peri não estava entre eles. Mas trouxeram com eles a notícia de que estava vivo. "Temos um sinal de vida do meu pai, sabemos que está vivo por outras pessoas da comunidade que foram libertadas ontem", disse Peri, cujo pai Haim, de 79 anos, foi raptado da sua casa no kibutz de Nir Oz, perto da fronteira de Gaza, por militantes do Hamas, a 7 de outubro..Sem dar pormenores, Peri disse ter recebido a notícia de algumas das 13 pessoas que regressaram a Israel na sexta-feira, o primeiro dia de uma trégua de quatro dias e de um acordo de troca de reféns com o Hamas, que também permitiu a libertação de dezenas de prisioneiros palestinianos. Com exceção de um dos reféns libertados na sexta-feira - entre os quais seis mulheres idosas, três mães e os seus quatro filhos - todos eram de Nir Oz, uma das comunidades mais atingidas quando os combatentes do Hamas atravessaram a fronteira, matando cerca de 1200 pessoas no sul de Israel e raptando outras 240..Em Nir Oz, 75 pessoas foram capturadas e 29 foram mortas, disse Peri. "Uma em cada quatro pessoas desta comunidade foi assassinada ou raptada", muitas delas vizinhos ou amigos de longa data dos seus pais, veteranos do kibutz. A notícia de que o pai ainda está vivo deu à angustiada família uma nova esperança, mas não há garantias de que saia em breve, se é que vai sair: os reféns a libertar ao abrigo do acordo da trégua são mulheres e pessoas com idade igual ou inferior a 18 anos. "Traz muita esperança, mas não sabemos quanto tempo vão conseguir aguentar", disse, descrevendo o pai como "um homem corajoso, mas não saudável", que sobreviveu a um ataque cardíaco e "depende de medicação para sobreviver"..Mesmo para aqueles cujos entes queridos regressaram, a alegria é atenuada pelos pensamentos dos outros. Num vídeo divulgado pelo fórum de famílias de reféns, Roy Zichri Munder, cujo irmão de nove nos foi libertado na sexta-feira, disse: "Hoje não estamos em clima de festa, estamos felizes mas não estamos a festejar porque há mais reféns detidos." Munder ofereceu apoio aos que ainda estão detidos. "Voltarão em breve", disse-lhes, apelando às suas famílias: "Não percam a esperança.".Para a maioria, a espera continua. Nadav Rudaeff não teve qualquer indicação de vida sobre o pai, Lior, de 61 anos, motorista de ambulância e paramédico voluntário, que sofreu um ataque cardíaco há dois anos. "Estamos muito preocupados porque ele não tem medicamentos", disse..Ruby Chen também não tem notícias sobre o destino do seu filho, o soldado Itai, de 19 anos, raptado quando estava de serviço a proteger os kibutzim da região. "É difícil descrever a sensação de não saber se o nosso filho está vivo ou não. É algo que ultrapassa a dor.".Durante dias, a família não sabia do seu paradeiro. O seu filho do meio constava da lista de "desaparecidos em ação" até que, às 6.00 da manhã, dois oficiais do Exército bateram à porta. Imediatamente suspeitaram do pior. "Isso significa que alguém nos vai dar uma mensagem muito má. O coração pára", diz. "Mas nós somos os afortunados: a notificação que recebemos foi a de que Itai tinha sido raptado", continuou, "e não a outra notificação que muitos outros receberam nesse dia".