Pão doce alimenta a tradição do "Charolo" na aldeia de Outeiro, em Bragança

No início de cada ano, o pão doce alimenta a tradição da Festa do "Charolo", na aldeia de Outeiro, em Bragança, onde a população confeciona, partilha e "dança" centenas de roscas em honra de São Gonçalo.
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A secular festa repete-se no sábado e é do santo, mas é também conhecida pelo "Charola", o imponente andor enfeitado com centenas de roscas (pão doce), confecionadas nos dias anteriores, no forno comunitário da aldeia.

O pão assume o destaque nesta manifestação popular e religiosa com registos históricos, pelo menos, desde o século XVIII, por, no tempo da peste que quase dizimou os animais, ter matado a fome à população, que acredita ter sido salva por intervenção divina de São Gonçalo.

Agradeceram com a construção da capela e a celebração da festa, em que prevalece o espírito comunitário, a começar na confeção do pão doce, amassado e cozido, na véspera, pelas mulheres dos dez mordomos.

Estes doces vão enfeitar o "Charolo", que é símbolo da festa, mas um dos momentos altos da tradição, segundo rezam os registos sobre o evento, é a "Dança das Roscas", em que homens e mulheres juntam-se no largo da aldeia para cumprir um ritual de erguer uma rosca de grandes proporções nas mãos, ao som da gaita-de-foles.

No final da dança, as roscas dançadas são cortadas e distribuídas pelos presentes e segue-se o leilão das que enfeitam o "Charolo", para depois a população acompanhar os mordomos, em cortejo, para entregar a festa aos responsáveis pela organização da do ano seguinte.

A festa prolonga-se noite dentro com a tradicional "Pandorcada", um cortejo que reúne novos e velhos e percorre as ruas da aldeia dançando as roscas que lhe são oferecidas, com novo momento de partilha e celebração.

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