Pão caseiro à 6.ª feira no Moínho do Papel de Leiria
"Que cheirinho a pão". O aroma a pão acabado de cozer não passa despercebido a quem está perto do Moinho do Papel, situado no jardim de Santo Agostinho, em Leiria. Desta vez, a frase foi saiu de grupo de crianças que visitou o local para aprender a fazer papel.
Sandra Silva, 37 anos, chega por volta das 09:30, todas as sextas-feiras, para começar a confecionar o pão. A farinha foi moída na sala de moagem, ao lado da sua cozinha, onde um forno elétrico começa a aquecer para receber cerca de duas dezenas de pães.
Farinha, água, fermento e sal são os ingredientes utilizados. Sandra Silva começa a amassar energicamente e a 'bater' a massa. Pouco depois, já está a pegar numa taça, que utiliza para fazer a forma do pão. Em poucos minutos, vários pães, com cerca de 15 centímetros, estão a entrar no forno.
Dez minutos mais tarde, o pão quentinho sai do forno e prepara-se para "transpirar" tapado por um pano. "É importante que o pão ainda transpire um pouco", explicou Sandra Silva.
Perto da hora do almoço, os clientes começam a chegar. Todos são unânimes em afirmar que a qualidade do pão é superior. O segredo está na farinha moída no local, garantem.
Há cerca de quatro meses que Sandra Silva explora o espaço. A oportunidade de negócio surgiu quando soube que o antigo moleiro iria deixar a exploração do moinho. "Estava desempregada e apresentei-me para vir explorar o espaço e acabei por ficar", referiu a moleira, natural do lugar de Padrão, na freguesia de Pousos.
"O pão que faço aqui é para demonstrar que a farinha é tão boa como qualquer outra do mercado", frisou.
Durante a semana, Sandra Silva farina no moinho de mós de pedra movido pela força das águas do rio Lis. " sexta-feira, confeciona pão e pão com chouriço. Também é possível comprar broa, mas esta tem de ser preparada em sua casa. Quem preferir levar a farinha para casa e fazer o seu próprio pão, pode fazê-lo durante toda a semana.
O vereador da Câmara de Leiria, Gonçalo Lopes, adiantou que a venda de pão "surgiu de uma oportunidade de juntar os interesses do município juntamente com os interesses de uma jovem que estava desempregada".
"Chegámos a um entendimento em que ela ficasse responsável por dinamizar os serviços educativos do moinho - explicar a todos os visitantes como funciona o moinho em termos do cereal - com a possibilidade de confecionar e vender o pão às sextas-feiras", referiu o autarca.
Desta forma, a autarquia garantiu a presença de "uma pessoa todos os dias no moinho, a produzir farinha sem encargos para o município" e Sandra Silva "conseguiu criar uma fonte de rendimento através da venda do pão".
Os dias de venda podem vir a aumentar, se a procura também crescer. "É uma produção que não é massificada. É um pão especial, que é fabricado com a farinha do moinho. Tem este valor cultural",constata.
O vereador salientou que "é uma excelente oportunidade de regressar ao moinho, de conviver com a moleira e ficar a conhecer o espaço". As pessoas que são de Leiria "tiveram oportunidade de, no passado, irem lá comprar farinha para fazer o seu próprio pão em casa".
Gonçalo Lopes sublinhou ainda que se trata de "um serviço educativo que não traz concorrência às padarias da região". Pelo contrário, "é também uma oportunidade para divulgar o trabalho que muitas padarias têm no dia-a-dia e, algumas delas, colocam milho e outros cereais para farinar, porque sabem que o moinho produz boa farinha".