Palestinianos prometem responder a rusga israelita
Grupos militares prometeram responder à morte de nove palestinianos durante uma operação do exército israelita na Cisjordânia, enquanto a Autoridade Palestiniana disse ter cortado a coordenação da segurança com Telavive e as forças israelitas receberam instruções para "aumentar a prontidão" de forma a responder a uma potencial escalada. No que será a segunda visita de um alto funcionário norte-americano em dias, o secretário de Estado, Antony Blinken vai a Israel e à Cisjordânia na próxima semana, onde irá pedir o fim da violência crescente nos últimos meses.
Segundo Telavive, as tropas de Israel entraram no campo de refugiados de Jenin, no norte da Cisjordânia, para frustrar a iminência de um ataque terrorista da Jihad Islâmica. Em resultado da rusga que demorou três horas foram mortos nove palestinianos, incluindo membros da célula da Jihad Islâmica, outros homens armados, e pelo menos uma mulher sem qualquer relação com os suspeitos. Outros 20 ficaram feridos nos confrontos que se seguiram. Um oficial do Exército disse que a operação avançou após terem recebido "informações precisas" da agência de segurança Shin Bet sobre o apartamento da célula da Jihad Islâmica no campo.
As Nações Unidas nunca registaram um número de mortes tão elevado numa única operação na Cisjordânia desde 2005, quando iniciaram os seus registos. A ministra da Saúde palestiniana, Mai al-Kaila, denunciou que "as forças de ocupação invadiram o Hospital Governamental de Jenin e dispararam intencionalmente gás lacrimogéneo no departamento pediátrico do hospital", o que foi negado pelo Exército de Israel.
Com esta operação, o número de palestinianos mortos este ano na Cisjordânia ocupada por Israel desde 1967 totaliza 29, incluindo militantes e civis. O número crescente de mortos segue-se ao ano mais mortífero registado pela ONU no território palestiniano. Pelo menos 26 israelitas e 200 palestinianos foram mortos em Israel e nos territórios palestinianos em 2022, a maioria na Cisjordânia, de acordo com dados recolhidos pela AFP.
"A resistência está em todo o lado e pronta e disposta ao próximo confronto", reagiu o porta-voz da Jihad Islâmica, Tariq Salmi. Já o número dois do Hamas, Saleh al-Arouri, prometeu que Israel "irá pagar o preço pelo massacre de Jenin" e que "a resposta virá em breve".
A operação aconteceu enquanto o presidente israelita, Isaac Herzog, discursava perante os eurodeputados em Bruxelas e garantia que o seu país vai "cumprir e defender a todo o custo" os valores da "liberdade, igualdade, justiça e paz" e disse que reza para ver o dia em que o seu país alcance a paz com os palestinianos.
É neste clima de tensão que o secretário de Estado norte-americano se vai encontrar com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e com o líder palestiniano, Mahmud Abbas, em Ramallah, na próxima semana, depois de uma paragem no Cairo.