Palavras-chave da rebelião paulista

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Deputados

O Primeiro Comando da Capital (PCC) quer eleger em Outubro um deputado federal e outro estadual para defender os seus interesses no poder legislativo. O Departamento de Investigação sobre Crime Organizado (Deic) está a tentar identificar os possíveis candidatos. Nas prisões, o gang tem pelo menos 130 mil homens, além de um exército de 10 mil "soldados" de rua. Considerando que cada detido tem pelo menos três parentes, o número de eleitores do PCC pode chegar aos 390 mil, o suficiente para eleger parlamentares.

Dinheiro

Para conseguir dinheiro para financiar o grupo, os membros do PCC exigem que os "irmãos" (sócios) paguem uma taxa mensal de 50 reais (cerca de 18,13 euros) se estiverem detidos e de 500 (181,3 euros) se estiverem em liberdade. O dinheiro é usado para comprar armas e drogas, além de financiar acções de resgate de presos ligados ao grupo. O PCC ampliou os seus negócios e neste momento até empresta dinheiro a quadrilhas cobrando juros.

Telemóvel

A principal arma do PCC é o telemóvel. Um policial, citado pelo Estado de São Paulo, afirma que o telemóvel de um preso representa mais perigo do que dez bandidos com espingardas nas ruas. Segundo ele, 70% dos raptos são planeados dentro das prisões graças ao uso do telemóvel. O telefone não só permite a comunicação entre as diferentes prisões como permite aos detidos darem ordens e orientações

aos "soldados" da rua. As autoridades já tentaram bloquear os telefones dos presos - mas estes rapidamente arranjam um modo de contornar a situação - e, sem uma autorização judicial, as operadores de telecomunicações não podem desactivar as suas antenas em regiões próximas das prisões. Além disso, todas estas intervenções não resolvem o problema principal: a corrupção dentro das cadeias.

Atentados

Desde a sua criação em 1993 o PCC é responsável por uma série de atentados e rebeliões, ataques a bases policiais e prédios públicos, e assassínios de policiais e magistrados (por exemplo, em 2003, foi responsável pela morte do juiz-corregedor António José Machado Dias, o "Machadinho", que dirigia o Centro de Readaptação Penitenciária de Presidente Bernardes, hoje a prisão mais rígida do Brasil). Estas acções intimidam o poder judicial, diz a imprensa brasileira. Muitos juízes, com medo de retaliações, estariam absolvendo integrantes do PCC.

Advogados

Para a Polícia Civil, o gang conta ainda com a importante ajuda de advogados. Além de investir em candidaturas políticas, o PCC é acusado de usar o seu dinheiro para pagar cursos de direito de modo a poder contar com advogados para acompanhar os seus processos judiciais. Outra táctica atribuída ao grupo é interferir de forma fraudulenta nos concursos públicos para manter nos seus quadros polícias e até agentes penitenciários federais e estaduais de confiança.

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