Palacete Pinto Leite vendido por 1,6 milhões a um ex-futebolista e um colecionador
A Câmara do Porto vendeu hoje o Palacete Pinto Leite por 1,643 milhões de euros a uma empresa de António Oliveira e António Moutinho Cardoso, colecionador de arte que promete ali criar um "ex-líbris" cultural "aberto à cidade".
O imóvel municipal, que está instalado num terreno de 6.510 metros quadrados e até 2008 acolheu o Conservatório de Música, foi vendido em hasta pública à Títulos e Narrativas, Lda., depois de sete licitações, disputadas com Young Winds From Funchal, SA.
"São duas pessoas que amam o Porto profundamente e que querem desenvolver um projeto muito digno, aberto à cidade e que a projete em termos culturais. Vamos, com certeza, fazer um ex-líbris que passará a integrar o roteiro cultural", descreveu aos jornalistas Moutinho Cardoso, rejeitando a possibilidade de estar em causa a coleção Miró (85 obras provenientes do ex-Banco Português de Negócios que passaram para as mãos do Estado português).
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Nem António Oliveira nem Moutinho Cardoso quiseram revelar detalhes sobre a ideia com "alguns anos" que vai ser posta em prática no Palacete Pinto Leite, levado hoje a leilão pela Câmara do Porto pelo valor base de 1,55 milhões de euros e a condição de ser destinado a fins "exclusivamente de natureza cultural, artística ou afins".
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O ex-futebolista e selecionador nacional António Oliveira detém, desde 2012, parte do Fundo Especial de Investimento Imobiliário criado pela Câmara do Porto para demolir o bairro do Aleixo, no Porto, para além de ter adquirido o edifício do antigo café A Brasileira para instalar um hotel.
Moutinho Cardoso adiantou que a intenção é "avançar já" e "respeitar as características do edifício e recuperar os jardins, outra das mais-valias" do imóvel.
Questionado sobre o facto de a Títulos e Narrativas, Lda., ter conseguido arrematar o prédio à Young Winds From Funchal, "de capital chinês", o colecionador de arte disse estar "muito contente" por manter o equipamento nas mãos de pessoas do Porto.
O leilão do Palacete foi aprovado pela autarquia em junho e chegou a estar agendado para dezembro, mas acabou adiado porque a autarquia "concluiu que não precisava desse encaixe financeiro" em 2015, explicou na altura à Lusa Nuno Santos, adjunto do presidente da Câmara.
O Palacete é composto por uma "área total coberta de 930 metros quadrados e uma área total descoberta de 5.580 metros quadrados".
De acordo com a autarquia, o prédio é "composto por uma casa de dois pavimentos com 385 metros quadrados e logradouro com 83 metros quadrados" e por uma "casa de quatro pavimentos com 545 metros quadrados e logradouro com 5.497 metros quadrados".
No orçamento camarário para 2014, o Palacete fez parte de uma lista de imóveis que a Câmara previa vender em hasta pública pelo valor base de licitação de 2,5 milhões de euros.
O património acabou por nunca ser colocado à venda e, em 2015, o executivo camarário deu luz verde ao negócio por 1,55 milhões de euros.
A descida do valor deveu-se ao facto de se ter condicionado o futuro do Palacete à instalação de um equipamento cultural.
O orçamento da autarquia para 2016, aprovado em 30 de outubro, prevê angariar 18,6 milhões de euros com a venda de vários imóveis, entre os quais a denominada Casa Manoel de Oliveira, vendida a 18 de janeiro para instalação da sede da Fundação Sindika Dokolo para a Europa.