País precisa de nova cultura política

O vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) criticou ainda a "obsessão" da atribuição das culpas da crise, considerando que o momento exige "diálogo".
Publicado a
Atualizado a

À entrada para a reunião do Conselho Permanente da CEP que decorre hoje em Fátima, António Marto afirmou à agência Lusa que a nova cultura política deve colocar de parte "os particularismos dos interesses de jogos de poder e de privilégios partidários" e atender ao "bem comum nacional".

"Sobretudo num momento em que parece irresponsável e até diria irracional - usei a expressão quase demencial - esta obsessão agora de querermos atribuir as culpas uns aos outros quando aquilo que este momento exige é, de facto, a colaboração, o diálogo na verdade", acrescentou.

Para o vice-presidente da CEP a concertação é essencial, "seja entre os partidos, seja a concertação social", para o país sair "deste beco que parece sem saída, deste desastre". "Eu chamei-lhe emergência, mas é um verdadeiro desastre sócio-económico em que caímos", declarou.

Salientando que a actual crise não é apenas "meramente económico-social", mas "cultural, moral e espiritual", António Marto acrescentou que a nova cultura política deve assentar nos "valores da verdade, da honestidade".

"Deve começar pela honestidade de consciência, pela honestidade dos costumes em ordem a afastar todo o género de corrupção, desde o mais pequeno até ao maior, e pela transparência em que seja dita a verdade completa ao nosso povo que tem direito a ela, a saber como está a situação", disse.

Para o prelado é também necessária "uma cultura que assente na exigência e na responsabilidade" e "ponha de parte o facilitismo que entrou quase como um cancro nos vários âmbitos da sociedade, desde a família à escola, à política". "Hoje requer-se voltar à exigência, ao esforço, ao trabalho e à competência", observou.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt