Paddy Cosgrave renuncia ao cargo de CEO do Web Summit

Depois de a Google, a Meta e a Amazon terem anunciado que não iriam participar na edição deste ano da Web Summit, a começar em novembro, em Lisboa, devido a um comentário de Paddy Cosgrave a propósito da guerra entre Israel e o Hamas, o CEO acaba de anunciar que se demite.
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Paddy Cosgrave, fundador e CEO da Web Summit, demitiu-se do seu cargo na empresa que organiza a feira de tecnologia que se realiza em Lisboa.

"Renuncio ao cargo de CEO da Web Summit com efeito imediato", escreveu Cosgrave em comunicado, avançado este sábado pelo jornal irlandês Sunday Independent acrescentando: "Infelizmente, os meus comentários pessoais tornaram-se numa distração.

O empresário refere-se ao facto de ter escrito, na rede social X (ex-Twitter) um comentário sobre a guerra Israel-Hamas que gerou uma onda de críticas e levou a que várias gigantes americanas e europeias da tecnologia a anunciarem que já não viriam à Web Summit. Algo que, para Cosgrave, foi este sábado descrito como o desfoque no que é importante para o "evento, para a nossa equipa para os nossos patrocinadores, para as nossas startups e para as pessoas que comparecerem".

Na mesma nota, Cosgrave volta a pedir desculpas pelo que escreveu - já o tinha feito após se ter apercebido que o seu comentário "incendiou" o X. "Peço sinceras desculpas novamente por qualquer dano que causei."

Este sábado, um porta-voz do Web Summit confirmou ao jornal que a empresa irá nomear um novo CEO o mais rapidamente possível e que a realização do evento, de 13 a 16 de novembro, não está em causa.

Paddy Cosgrave, que é irlandês, escreveu, a 13 de outubro, no X, relativamente à retaliação de Israel após o ataque terrorista do Hamas de dia 7, o seguinte: "Estou impressionado com a retórica e as ações de tantos líderes e governos ocidentais, com a exceção particular do governo da Irlanda, que pela primeira vez estão a fazer a coisa certa. Os crimes de guerra são crimes de guerra mesmo quando cometidos por aliados, e devem ser denunciados pelo que são".

Logo online foi bombardeado com uma onda de contestação. O embaixador de Israel em Portugal, Dor Shapira, anunciou que o país tinha cancelado a sua participação na cimeira tecnológica de Lisboa classificando as declarações do fundador da iniciativa de "ultrajantes".

Depois disto, Cosgrave pediu desculpas, lamentando não ter transmitido "compaixão" para com as vítimas do ataque terrorista - que fez mais de 1400 mortos civis, além de 200 pessoas (de várias nacionalidades) reféns, e disse esperar que a paz seja alcançada. Mas tal não foi o suficiente para acalmar o ambiente.

A americana Intel e a alemã Siemens entretanto anunciaram que boicotavam a Web Summit e, na sexta-feira, foi a vez da Alphabet (dona da Google) e da Meta (dona do Facebook, do Instagram , do WhatsApp, etc.) a fazerem o mesmo, Seguiu-se, horas depois, como referido, a Amazon.

Ainda este sábado, os funcionários do evento foram informados pelos executivos que os seus empregos não estão atualmente sob ameaça. A empresa emprega 200 pessoas na sua sede em Dublin, de um total de mais de 300 em todo o mundo. No entanto, os funcionários também foram informados de que esta é a maior ameaça à existência da empresa desde a covid-19.

Recorde-se que a empresa de tecnologia Web Summit passou por graves dificuldades financeiras devido à pandemia da covid-19, que impossibilitou a sua realização em 2020 e obrigou a uma versão virtual em 2021.

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