Outubro e fins-de-semana rimam com Festival de Mafra
O Festival Internacional de Música de Mafra, ano IX, é o ano I do novo director artístico, João Miguel Gil. Em conversa com o DN, apresentou as principais novidades da edição deste ano, que entra hoje no "fim-de-semana 2" "o ponto forte vai ser a área onde me mexo melhor - e também a da minha predilecção - que é o das interpretações historicamente informadas", explica. Mas não vai haver rupturas: "vamos preservar o espírito das edições anteriores e manter sempre como referência a ligação ao lugar do Festival." Outras "marcas" passam por "associar estreitamente cada concerto ao espaço onde se realiza" e por abandonar o formato da folha de sala: "vamos agrupar os concertos em fins-de-semana (de 1 a 5) e vai haver um só programa para cada fim-de-semana, a que se soma um especial, dedicado aos 275 anos da sagração da Basílica."
Novidade ainda, os preçários "dez euros para a Biblioteca e seis para os outros espaços, excepto a Basílica, onde a entrada é livre." Mas não só: "vai haver um bilhete- -dia e uma assinatura."
O cartaz deste ano foi feito com "sensivelmente o mesmo orçamento que a edição do ano passado", garante, "graças a amizades e boa vontade", mas também "algumas surpresas, como os pianofortes para o Andreas Staier, que vieram de Praga!" (dias 28 e 30). Destaque merecem-lhe também, por ser "a primeira vez que vêm a Portugal", os italianos Zefiro (dia 22) e La Tempesta (amanhã) e os franceses Diabolus in Musica (dia 22) e Jachet de Mantoue (dias 22 e 23). Mas também a estreia de um ilustre português "hoje, o Artur Pizarro toca pela primeira vez em Mafra."
O festival começou no passado fim-de-semana com Concerto Soave/Maria Cristina Kiehr e o cravista Christian Rieger. Hoje há Pizarro e amanhã tocam os Piazzolla Lisboa (o concerto inclui a estreia da encomenda do festival a Vasco Mendonça) e os La Tempesta, com o sopranino Max Emanuel Cen- cic (Árias para Farinelli), que inclui a estreia mundial de uma ária composta pelo célebre castrato.
O fim-de-semana 3 é mais "cá de casa" Enrico Onofri "a três" (La Voce nel Violino) e com os Divino Sospiro (Portugal o Sentimento e o Espírito), Moscow Piano Quartet (Música Alemã) e Trio Stadler (de Erich Hoeprich) com cantores portugueses (Mozart com cor de basset). Dias 22 e 23, aos citados Zefiro (sonatas barrocas), Diabolus in Musica (Bestiaire d'Amour, música medieval) e Jachet de Mantoue (música de Sta.Cruz de Coimbra e do Renascimento internacional), também há os portugueses Ludovice Ensemble (Une Fête Galante). O finale, de 28 a 30, é marcado pelos dois recitais de Staier em pianoforte Schubert (D959 D960!) numa réplica dum Graf de 1819 e Mozart numa de um Walter de 1792. No meio, um recital de trompete e órgão por intérpretes ingleses, incluindo as estreias mundiais de duas obras compostas para estes músicos para este concerto.