Ousadia de Chris Evans deixa "Top Gear" a ferro e fogo

Gravações do programa junto a um memorial de guerra em Londres exaltaram britânicos. O apresentador pediu desculpa, mas as críticas ao seu comportamento estão a subir de tom
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Não são raros os casos em que a história se repete e Chris Evans está perto de ver esta máxima aplicar-se a si. Anunciado no ano passado como a nova grande promessa de Top Gear - conduzido até março do mesmo ano por Jeremy Clarkson -, o cabeça de cartaz do formato automobilístico da BBC 2 parece estar a perder o controlo da sua vida e, por consequência, do programa.

Na semana passada, Evans viu-se obrigado a pedir desculpa por ter gravado uma manobra com um carro a alta velocidade perto de Cenotaph, em Londres, memorial que celebra o fim da I Guerra Mundial (1914-1918). "Não é uma boa imagem", disse aos ouvintes do seu programa radiofónico semanal, TFI Friday, também da BBC. "Em nome da equipa do Top Gear e de Matt [Le Blanc, ator norte-americano e coapresentador do formato, que estava no interior do carro], gostaria de pedir desculpa pelo que essas imagens parecem representar", prosseguiu. Entretanto, adiantou que "não devem ser incluídas na emissão".

A ousadia em filmar no local faz aumentar a preocupação que colegas e amigos já manifestaram sentir em relação ao comportamento do apresentador. "O Chris sente a pressão de ter de ser tão bom como a equipa anterior de apresentadores do Top Gear e isso está a fazê-lo ultrapassar todos os limites", disse um desses amigos ao The Sun, recordando o historial de Evans em "ir-se abaixo" quando "as coisas se tornam demasiado intensas". "Ninguém quer vê-lo perder-se outra vez."

A declaração remete para há 20 anos, quando Chris Evans faltou ao programa que apresentava na Radio 1. Isto porque passou as 17 horas anteriores a beber num pub, na companhia dos restantes elementos do formato - elementos esses que dispensou de se apresentarem ao serviço nesse mesmo dia. Acabaria por ser processado em nove mil euros (o valor que recebia por dia). Mais tarde, e depois de outros episódios menos recomendáveis, dizia: "O sucesso é uma coisa maravilhosa... nas mãos certas."

Top Gear - cujos episódios custam cerca de 830 mil euros cada, mais 255 do que na época de Clarkson - pode ser o próximo a sofrer com as atitudes erráticas do apresentador. Evans já foi fotografado a andar de pijama na rua - é casado com Natasha Shishmanian e tem dois filhos menores (Noah, de sete anos, e Eli, de três), que já admitiu roubarem-lhe muitas horas de sono. Em dezembro passado, pouco antes do Natal, terá estado na base da demissão da produtora executiva Lisa Clark, que terá justificado a sua saída com as atitudes do apresentador. "Ele é muito controlador e pensa que pode passar por cima de toda a gente", contou uma fonte. O argumentista do programa, Tom Ford, seguiu-lhe os passos e também se demitiu. Até à data, a BBC não revelou quem substitui estes profissionais - apesar de Evans se designar como produtor do formato no seu perfil de Twitter.

No início do ano, a imprensa inglesa acusava-o de desperdiçar meios ao gravar vários takes da mesma cena. As críticas não passaram ao lado de Evans, que utilizou a sua coluna de opinião no Mail on Sunday deste domingo para dizer que não poderá estar a criar instabilidade no set de filmagens "porque não há nenhum set". "Ainda não foi construído", escreveu. Na mesma coluna, recordou Jeremy Clarkson, Richard Hammond e James May: "São o Zippy, o Bungle e o George da série [animada infantil] Rainbow." Esperam-se cenas dos próximos capítulos.

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