Otay Mesa: o ground zero
Com algum atraso no calendário inicialmente previsto, os protótipos do "grande e belo" muro que o presidente Donald Trump quer construir na fronteira entre os EUA e o México começaram a ser erguidos. O local escolhido foi Otay Mesa, zona fronteiriça da grande San Diego, na Califórnia, que alguns media norte-americanos classificaram como o ground zero do novo muro de Trump. Do lado dos EUA, a zona de fronteira é uma espécie de deserto, onde raramente se vê alguém que não sejam os agentes da US Border Patrol. Do lado do México, a vista é para Tijuana, com inúmeras casas amontoadas, nalguns casos de construção rudimentar. Quando em maio estive em Otay Mesa, encontrei opiniões e pontos de vista divergentes sobre a ideia de um novo muro: do agente da Border Patrol ao advogado de defesa dos direitos humanos e dos imigrantes, passando por membros locais do Partido Republicano e do Partido Democrata. Mas em comum todos tinham duas questões: como será financiado o novo muro e como e onde será construído? Isto porque já existe um muro entre os EUA e o México, ou melhor, um muro que na realidade são dois. Um é feito de placas de aterragem para aviões e helicópteros que sobraram do tempo da Guerra do Vietname. O outro, com quase cinco metros de altura, é uma vedação de arame farpado. No meio, uma espécie de terra de ninguém, vigiada por câmaras e sensores. Em Otay Mesa e em San Ysidro, a 10 km um do outro, passam todos os dias cerca de cem mil pessoas. San Ysidro é a fronteira terrestre mais movimentada do mundo. Muitos americanos vivem em Tijuana e trabalham em San Diego e, como muitos mexicanos, consideram a travessia diária da fronteira como uma coisa normal. Por isso muitos têm dificuldade em precisar o que se entende por um novo muro "grande e belo".