Os vencedores: 'A Invenção de Hugo'

Filme de Martin Scorsese terminou a noite com cinco prémios, todos eles em categorias técnicas
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A Invenção de Hugo (título original: Hugo) teve a proeza de ser o filme nomeado para mais prémios na edição deste ano (um total de 11) e, à semelhança de O Artista, tem a particularidade de servir como uma carta de amor ao cinema. Para reforçar a ironia, enquanto o último tem deslumbrado por ser um filme francês, mudo e a preto e branco situado na Hollywood do final dos anos 20, A Invenção de Hugo pretende glorificar os primórdios do cinema na Paris dos anos 30 utilizando a mais recente das tecnologias: o 3D.

O ponto de partida desta aventura é A Invenção de Hugo Cabret, um livro para crianças, escrito e ilustrado por Brian Selznick, que acompanha a jornada de Hugo (Asa Butterfield), um jovem órfão que vive em segredo dentro de um relógio numa estação de comboios parisiense. Na tentativa de reparar um autómato (a "invenção" do título e que nos remete às criações do relojoeiro Pierre Jaquet-Droz), que crê ter uma mensagem do seu pai (Jude Law), Hugo trava amizade com uma rapariga e cruza-se com o seu tio, dono de uma loja de brinquedos e que desvenda ser o mítico cineasta francês Georges Méliès.

História adaptada para cinema por John Logan, argumentista de O Aviador (realizado também por Scorsese), A Invenção de Hugo carrega consigo uma atmosfera de nostalgia e inocência, intensificada em grande parte pela música (de Howard Shore) e pela fotografia dirigida por Robert Richardson (que trabalhou com Scorsese em O Aviador e, mais recentemente, em Shutter Island), que utiliza as potencialidades dramáticas das três dimensões (James Cameron, responsável por títulos como Avatar e Titanic, considerou que é a melhor utilização alguma vez feita do 3D).

Este confronto entre o presente tecnológico e as raízes do cinema está assim patente até o fim do filme, através de um jogo de citações e reproduções próprio da cinefilia do autor. Defensor perseverante do restauro e preservação dos filmes, o que Martin Scorsese aqui parece edificar é uma ode - não àquilo já não existe, mas às possibilidades infinitas da máquina do tempo que sempre foi o cinema.

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