Os universos paralelos de Niki de Saint Phalle
São 13 pequenas esculturas e três dezenas de serigrafias que ajudam a compreender o processo criativo da artista, o modo como do gesto largo no papel iam nascendo seres fantásticos. Joie de Vivre/Alegria de Viver, assim se chama a primeira exposição individual de Niki de Saint Phalle (1930-2002) realizada em Portugal, por iniciativa da Fundação Eugénio de Almeida.
Patente em Évora até 24 de Maio, esta mostra inédita, comissariada por Stefano Cecchetto e pela neta da artista, Bloun Cardenas, resulta de uma parceria com a Niki Charitable Art Foundation da Califórnia, a instituição que conserva mais de mil esculturas e cinco mil obras de arte gráfica da colecção pessoal da escultora, pintora, cenógrafa, actriz e designer de origem francesa.
Das formas voluptuosas das "Nanas", as coloridas figuras femininas que a celebrizaram no campo da escultura, aos textos poéticos ou palavras de ordem que inscreveu em muitas das suas obras sobre papel, Joie de Vivre apresenta-se como uma exposição estruturada em torno de três conceitos: Amor, Jardim Tarot e Diário da Califórnia.
Jean in My Heart, serigrafia de 1992 dedicada ao marido, o também artista Jean Tinguely (com quem, de resto, assinou múltiplas obras), é um dos exemplos que ali atestam a importância das vivências pessoais no trabalho desta criadora associada à Pop Art e Nouveau Réalisme.
"Para ela a arte não é apenas produto do tempo passado no interior de um estúdio, mas sim o resultado das relações, dos encontros com o mundo exterior, é a força que emana da sua vivência. O poder do desejo e a força com que o consegue exprimir incute em todas as soluções formais utilizadas pela artista uma vitalidade sem precedentes", escreve no catálogo o comissário.