Narcosubmarinos chegam à Europa. Da Colômbia à Galiza com escala em Portugal

ATUALIZADA COM FOTOS. A apreensão, na costa galega, de um submarino de transporte de cocaína confirma o poderio dos gangues de tráfico de droga.
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Não foi a primeira vez que um submarino dedicado ao transporte de droga é apresado pelas autoridades. Mas é a primeira vez que tal acontece na Europa. No domingo, um submergível avariado, com uma carga superior a três toneladas de cocaína, acabou nas mãos das autoridades, bem como dois dos três traficantes.

Segundo o El País, as autoridades já tinham informações sobre semisubmergíveis enviados da América Latina para África e Espanha desde 2006. A embarcação, de 22 metros de comprimento, terá sido fabricada na Guiana. Oriunda da Colômbia, conta o La Voz de Galicia, os tripulantes, dois equatorianos e um espanhol, cruzaram o Oceano Atlântico, tendo passado por Cabo Verde e parado em Lisboa.

Com avarias e falta de combustível, a embarcação, que já estaria referenciada pela Polícia Judiciária portuguesa, acabou cercada pelas forças de segurança espanholas. Os três tripulantes saltaram para a água e deixaram a escotilha aberta para que a embarcação submergisse. O terceiro elemento, de nacionalidade espanhola, conseguiu escapar-se.

Há vários anos que os cartéis de droga usam semisubmergíveis para o tráfico de droga. Operações policiais e militares têm perseguido e apresado estes meios de transporte na Colômbia, Equador, Guiana e México.

El Chapo e Chupeta

A primeira detenção realizada pela Guarda Costeira dos Estados Unidos deu-se em setembro de 2008, ao patrulhar águas internacionais. A apreensão de seis toneladas de cocaína chegou a tribunal dez anos depois, com a acusação a pender sobre Joaquín El Chapo Guzmán.

El Chapo, na controversa entrevista a Sean Penn publicada pela Rolling Stone em 2016, afirmou: "Eu forneço mais heroína, metanfetaminas, cocaína e marijuana que qualquer outra pessoa no mundo. Tenho uma frota de submarinos, aviões, camiões e navios."

O narcotraficante colombiano Juan Carlos Ramírez Abadía, conhecido como Chupeta, testemunhou num tribunal de Nova Iorque durante três dias, em 2018, contra o seu ex-associado El Chapo e atribuiu a si próprio os louros pela ideia dos submarinos. Este narcotraficante, que se submeteu a operações plásticas para não ser reconhecido, disse que quando se apercebeu que o transporte de avião estava a ficar muito arriscado começou a usar navios de pesca e mais tarde mandou fabricar submersíveis.

Em 2014, uma operação antidroga conjunta das autoridades norte-americanas e guianesas deu com um semisubmersível em construção -- o que sustenta a notícia do El País quanto à origem do submarino apreendido na costa de Pontevedra.

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