Os Soldados de Odin: patrulha antirrefugiados

Grupo de autoproclamados patriotas surgiu na Finlândia mas expandiu-se para outros países nórdicos e bálticos
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Os Soldados de Odin, grupo de autoproclamados patriotas que tem patrulhado as ruas de algumas cidades finlandesas para proteger os locais dos imigrantes, expandiu-se agora para outros países Nórdicos e Bálticos, algo que começa a preocupar as autoridades.

Membros do grupo, cujo nome é inspirado no rei dos deuses na mitologia nórdica, dizem querer ser os olhos e os ouvidos da polícia que consideram não ter condições para cumprir as suas funções. Depois de em 2015 cerca de 250 mil requerentes de asilo se terem deslocado para a região, o grupo provocou receios de um aumento na vigilância.

Os Soldados, que estão agora a expandir as atividades para fora da Finlândia, vestem um casaco preto com um viking nas costas com a boca coberta pela bandeira nacional e o nome do grupo escrito em inglês. O grupo terá organizado a primeira reunião na Estónia, a meio de fevereiro. De acordo com os media locais, cerca de 60 pessoas estiveram presentes. "Nós não queremos que os refugiados venham para cá", disse à Reuters Indrek Olm, que se identifica como um dos líderes do grupo na Estónia. "Vamos começar a fazer patrulha para garantir que eles não fazem nada ilegal."

A Estónia, com 1,3 milhões de habitantes, tem recebido poucos pedidos de asilo e refugiados, mas, mesmo assim, as autoridades não gostam dos Soldados de Odin. "Autoproclamados gangues de patrulha não aumentam de maneira nenhuma a sensação de segurança entre a população da Estónia, antes pelo contrário", disse o primeiro-ministro Taavi Roivas no Twitter.

Na Noruega, com uma população de 5,2 milhões, a polícia está preocupada com os efeitos que a chegada de 31 mil requerentes de asilo, só no ano passado, pode ter nos grupos de extrema-direita. "Consideramos que a ameaça da extrema-direita tem vindo a aumentar. O tema do asilo está a alimentar a atividade da direita, a radicalização e a recruta", admite a polícia na mais recente avaliação à ameaça no mês passado.

Os Soldados de Odin efetuaram a primeira patrulha na Noruega no dia 13 de fevereiro em Toensberg, cidade com 42 mil pessoas localizada a 100 km a sul de Oslo. "O nosso principal objetivo é evitar a violência, a venda de drogas e os ataques sexuais", disse na altura Ronny Alte, porta-voz do grupo, à Reuters. "Ao analisar estes problemas, infelizmente, são os imigrantes e também os imigrantes ilegais que estão representados na grande maioria dos casos", disse na altura. Alte entrou em rutura com Os Soldados.

Outras patrulhas têm sido efetuadas em várias cidades, muitas delas intercetadas pela polícia. Em Kristiansand, no sul, os Soldados de Odin foram avisados pelas autoridades que apenas podiam distribuir comida gratuita e café.

Apesar da pressão das autoridades, Os Soldados têm recebido o apoio de alguns setores. "Todo o cidadão que queira contribuir para a redução da criminalidade e insegurança deve ser aplaudido", afirmou à televisão pública norueguesa NRK Jan Arild Ellingsen, deputado do Partido pelo Progresso, que faz parte da coligação do governo, .

As declarações de Ellingsen foram condenadas pela primeira-ministra norueguesa:"Os Soldados de Odin não têm lugar na função de proteger as nossas ruas. Os valores deles são perigosos", disse Erna Solberg no Twitter.

Tallin e Oslo, Jornalistas da agência Reuters

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