Os smartphones já eram. Venha a próxima moda
É praticamente impossível surgir, nos próximos cinco ou seis anos, um produto tecnológico com um êxito semelhante ao do smartphone. Estes pequenos retângulos, cada vez mais potentes, continuarão a ser os nossos companheiros digitais de primeira linha. Mas tal não significa que eles não tenham os dias contados.
O sinal da decadência foi nesta semana revelado pela Gartner - cujos números são referência para a indústria. Pela primeira vez, a empresa de estudos de mercado contabilizou, no último trimestre do ano passado, um decréscimo de vendas de smartphones relativamente ao período homólogo do ano anterior. A queda foi de 5,6%, ou apenas menos 24 mil aparelhos. Mas mais significativo é a perceção que estes números acarretam. Já há vários meses que muitos (incluindo eu) previam estarmos a atingir o ponto de saturação do mercado dos "telemóveis inteligentes". Isto, em grande parte, porque a cada nova geração destes gadgets o incentivo para trocar tem sido cada vez menor.
O panorama do mercado no fim de 2017 concretizou este quadro: poucos aparelhos de gama média ou média-baixa trouxeram qualquer inovação que chamasse a atenção, enquanto os topo de gama - com preços bem acima dos mil euros - pouco mais inovaram do que nos ecrãs sem margens ou emojis animados...
É natural que os números de vendas recuperem nos próximos meses (com campanhas e baixas de preços). E, no próximo ano, a introdução da tecnologia de internet móvel super-rápida 5G poderá dar um novo fôlego a este mercado. Mas já há muito que as maiores tecnológicas andam em busca de um novo tipo de produto que seja "o iPhone" da terceira década do século.
Tanto quanto sabemos, as apostas para este futuro dividem-se por dois caminhos: o screenless e os ecrãs dobráveis. Escrevi sobre o computador sem ecrã em agosto, no texto atrás referido. Quanto ao segundo tipo, será provavelmente a manifestação mais evidente da tentativa de fazer algo diferente. Esperam-se já para este ano aparelhos que se dobram ao meio, transformando-se de tablet em telemóvel (Samsung e Microsoft têm registado várias patentes para algo assim); ou até poderá surgir uma solução com ecrã maleável que se enrola num cilindro quando não está a ser usado (a LG tem um protótipo do género).
Sejam estas ou outras as soluções tecnológicas que vão captar a nossa atenção (e o conteúdo da carteira), certo é que esta indústria precisa de conseguir inovar mais do que tem feito para continuar a crescer.
A Google faz o que quer da internet II
Na semana passada, ao escrever sobre o poder da Google e do seu browser Chrome na forma como navegamos na internet, não referi outra mudança que aí vem: a partir de julho, todos os sites que não forem encriptados (que o endereço não comece por https) serão assinalados de forma bem visível como "não seguros". Há quem chame à mudança o HTTPocalypse...
Se fosse hoje, sites como o Sapo (incluindo a SIC ou o Expresso), o IOL (TVI, Mais Futebol) ou até A Bola levavam tal recomendação, com prováveis consequências para a sua imagem e tráfego. Lá fora, por exemplo, a BBC também não é "segura".
Nós, no Global Media Group, estamos preparados - todos os nossos sites são encriptados. E é natural que até junho os grandes media façam a adaptação. Já quem possui uma pequena empresa ou um site pessoal próprio, se não quiser ou puder pagar um certificado SSL, vai mesmo levar o "carimbo" de não ser de confiança nos computadores da grande maioria dos utilizadores da net.