Se ainda houver uma réstia de lógica no Euro 2016, mais logo chegará ao fim a imponente cruzada viking - os deuse$ da fortuna e os senhore$ do futebol não podem arriscar uma final com dois países periféricos, daqueles que correm sempre "por fora". Acontece que um desses, dos "mais desfavorecidos", já tem reserva para Paris, seja Portugal (como queremos) ou Gales. Também por isso, a anfitriã assume favoritismo, apesar das debilidades repetidas nos jogos que disputou até agora..A concretizar-se o avanço gaulês para a semifinal, confirma-se também a maior revelação do torneio: a seleção do País de Gales, que brilhou ao ponto de vingar os méritos acumulados de Ryan Giggs, Ian Rush, Mark Hughes e John Toshack. Não chegava a estas andanças desde 1958. Mas entrou com tudo, e o "tudo" galês é muito, crescendo a cada encontro. Tem uma estrela, Gareth Bale, velocista, repentista e disponível para, em muitas ocasiões, ser "apenas" mais um. Tem um mágico, Aaron Ramsey, que faz girar tudo e todos à sua volta - não merecia ficar de fora na próxima etapa. Tem um operário aristocrata, Joe Allen, que, aparentemente, o Liverpool se prepara para dispensar. Tem um capitão a tempo inteiro, Williams, e Ledley e Taylor e Vokes e Gunther e Robson-Kanu e... acima de tudo, tem uma equipa que defende com eficácia e ataca com elegância, sempre com personalidade, com alma e coração. E tem um técnico sabedor e inspirado, Chris Coleman, que, salvo erro, há de partir em breve para voos mais ambiciosos. .Queremos Portugal na final, como é óbvio. Mas, mesmo alcançado esse desejo, saibamos honrar e aplaudir estes príncipes de Gales, que - seja qual for o resultado - hão de fazer a festa com os seus invejáveis adeptos. Cabe-lhes a saudação de nos terem recordado a pureza e a imprevisibilidade do futebol, desporto coletivo por excelência. Mas, já agora, que façam essa festa lá em casa deles..PS - A sentença/profecia de Gary Lineker, aquela coisa dos onze de cada lado e vitória da Alemanha, já tem tradução para italiano. Infelizmente.