Os primeiros dias da Conferência do Clima em Paris
No passado dia 30 de novembro assistiu-se em Paris à reunião do maior número de chefes de Estado jamais atingido para dar início à COP21 das Nações Unidas sobre o clima. Nos seus discursos muitos consideraram que esta é a última oportunidade de conseguir um acordo que evite uma mudança climática antropogénica profundamente gravosa. O presidente François Hollande admitiu que está em causa "o futuro do planeta e da vida". Estiveram presentes os presidentes Barack Obama dos EUA, Xi Jinping da China e Vladimir V. Putin da Rússia e o primeiro-ministro Narendra Modi da Índia, entre muitos outros.
A Conferência de Paris culmina 20 anos de negociações no âmbito das Nações Unidas. Enquanto no passado os EUA e a China, os dois países com o maior volume de emissões de gases com efeito estufa, negociavam como adversários, agora apresentam-se como aliados no combate à mudança climática e incentivam os outros países a chegar a um acordo, depois de já terem anunciado um acordo bilateral em 2014.
Um dos principais obstáculos é o ponto de vista do conjunto de países em desenvolvimento, liderados pela Índia, que se recusam a limitar o seu crescimento económico, atualmente alicerçado no consumo intensivo de combustíveis fósseis, para resolver um problema que foi gerado por outros países. Narendra Modi defende que os países pobres têm o direito de emitir dióxido de carbono para desenvolver as economias, embora reconheça que já estão a sentir os efeitos adversos das alterações climáticas. A sua proposta é condicionar a redução das emissões da Índia e dos países menos desenvolvidos à atribuição por parte dos países mais desenvolvidos de uma ajuda financeira de c mil milhões de dólares para incentivar a mitigação e a adaptação nos seus países.
Por outro lado os EUA recusam-se a que o acordo de Paris seja integralmente vinculativo porque nesse caso teria de ser submetido ao Congresso, onde os Republicanos o chumbariam.
Apesar das dificuldades, há em Paris um consenso generalizado de que a humanidade está confrontada com um problema grave que é urgente resolver. Há, por isso, boas razões para estar moderadamente otimista.