Os homens e o milagre de pó de corno

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Ah, quantos crimes se cometem por causa do teu sexo, homem! Sobretudo por causa do começo, ou continuação, da falta do teu sexo, homem! Que o diga o pobre do rinoceronte do Zoo de Thoiry, a 50 km de Paris. Três tiros na cabeça e motosserra a cortar-lhe rente os chifres. Dois cornos, um curto e grosso, e o outro mais longo e ereto. São aliciantes imagens, sugestões de potência que põem os homens iludidos. Cortados, moídos e reduzidos a pó custam mais do que ouro, 70 mil euros o quilo. Custam, mas não valem: o corno de rinoceronte é publicidade falsa, é uma massa de cabelo aglutinado, nada mais do que queratina, a mesma substância que forma as unhas das pessoas. Tal como o homem em perda de libido não resolve o seu problema roendo as unhas, não é por se desgraçar no mercado negro comprando pó de corno de rinoceronte que fica mais potente. No Extremo Oriente (os principais clientes são chineses e vietnamitas), os ambientalistas já tentaram uma campanha publicitária com essa comparação, mas os compradores não são unhas-de-fome com essa ilusão e o tráfico prospera. Na África do Sul, onde são abatidos na candonga mil rinocerontes por ano (numa população de 25 mil), já se tentou outra dissuasão: um produto tóxico nos cornos. Ao rinoceronte não faz mal e o outro animal, o cliente do pó, fica com diarreia. O problema é que ele fica também convencido de que a diarreia é que impediu o milagre esperado... E continua cliente.

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