Os grandes escritores que se apaixonam como meninos por mulheres mais novas

Paixão. É sempre deste sentimento que se trata. Apaixonam-se perdidamente por mulheres que ainda não tinham nascido ou que eram crianças quando eles já escreviam livros. A vida destes autores podia ser um romance. E dos bons
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Quando, no início de junho, a capa da revista espanhola Hola! mostrou uma fotografia de Mario Vargas Llosa acompanhado pela socialite Isabel Preysler, lançando assim a suspeita de que os dois estariam apaixonados - sem que o escritor pe- ruano tivesse anunciado a separação de Patricia Llosa -, o mundo não parou, chocado. Escritores mundialmente conhecidos (e reconhecidos) têm demonstrado que a sua vida privada poderia ser o enredo de um romance. As suas musas costumam ser jovens. E eles não hesitam em propor-lhes casamento.

A provável história de amor - o que poderia justificar o anúncio de Llosa de que está efetivamente separado, senão o romance com Preysler? - entre o Nobel da Literatura peruano e a ex-mulher de Júlio Iglesias indignou a ainda mulher do autor de A Cidade e os Cães. "Eu e os meus filhos estamos muito surpreendidos e desgostosos", disse Patricia Llosa num comunicado em reação à capa da revista Hola!. Afinal, a 30 de maio, o escritor, de 79 anos, tinha estado a comemorar os 50 anos de casamento com Patricia, de 70. E foi à mulher que dedicou o prémio máximo da Literatura - o Nobel, quando recebeu o galardão, em 2010.

Isabel Presley, mãe de Enrique Iglesias, tem 64 anos e ficou recentemente viúva. Era casada com o antigo ministro da Economia espanhol Miguel Boyer, falecido em setembro do ano passado. Antes, já conquistara o coração do cantor romântico Júlio Iglesias - com quem teve três filhos - e do marquês de Griñón. Vargas Llosa parece não ter resistido aos seus encantos, mesmo quando está quase a completar 80 anos.

"Se eu tivesse morrido antes de te conhecer, Pilar, teria morrido sentindo-me muito mais velho. Aos 64 anos, a minha segunda vida começou. Não posso queixar-me", disse José Saramago, numa entrevista ao The New York Times, em 2008. Quando o autor de Memorial do Convento conheceu a jornalista espanhola esta tinha 36 anos.

A própria filha do Nobel da Literatura português, Violante, assumiu, sobre o romance e posterior casamento do pai com Pilar del Río, que esse amor tardio tornou Saramago "mais acessível, mais aberto, capaz de derramar os sentimentos e de abandonar a sua habitual atitude de defesa". A Pilar acusaram-na até de ter levado o nome maior da literatura portuguesa para Espanha (Saramago viveu os últimos anos de vida em Lanzarote, com Pilar). Mas o escritor sempre assumiu que a mulher lhe deu mais anos de vida. O primeiro encontro teve lugar em 1986, quando Pilar veio de propósito a Lisboa conhecer Saramago. Menos de dois anos depois deste primeiro encontro, casaram-se. Antes, o Nobel já tinha sido casado com Ilda Reis e Isabel da Nóbrega - com quem viveu duas décadas e à qual dedicou muitos dos seus romances, mas estas dedicatórias acabariam por ser retiradas nas edições após o fim da relação. Para Saramago - e para todos os que acompanharam a relação, de perto ou de longe -, Pilar foi a sua musa. Estiveram juntos 23 anos, até à morte do escritor, a 18 de junho de 2010, com 87 anos. Suce-deram-se as declarações de amor do escritor à jornalista, em entrevistas, durante discursos, frases soltas em momentos vulgares, dedicatórias impressas para sempre nos livros que deixou. A Viagem do Elefante é para ela: "A Pilar, que não me deixou morrer", lê-se, ou em As Pequenas Memórias: "A Pilar, que ainda não havia nascido e tanto tardou a chegar."

Talvez o grande amor de António Lobo Antunes também tenha tardado. Em 2010, e aos 67 anos, casou-se com a jornalista Cristina Ferreira de Almeida, de 46, depois de um namoro de três meses, que Lobo Antunes manteve discreto, à semelhança de tudo o que diz respeito à sua vida privada. Mas, quando escreve, às vezes conta.

Em 2008 escrevia a crónica "As Mulheres Têm Fios Desligados", sobre a forma de os homens ter- minarem relações amorosas. "Não tenho nada contra os homens a não ser no que se refere às mulheres. E não me excluo: fui cobarde, idiota, desonesto. Fui [espero que não muitas vezes] rasca", escreveu.

Nesse mesmo ano, corria o rumor de que teria reatado o casamento com Maria João Bustorff, antiga ministra da Cultura, com quem foi casado. Aliás, o autor de Caminho como Uma Casa em Chamas já tinha sido casado três vezes, antes desta atual relação, que também oficializou. Mas, em 2009, algumas revistas cor-de-rosa publicavam que António Lobo Antunes se tinha perdido de amores por uma jornalista brasileira, de 30 anos, durante a Festa Internacional do Livro de Paraty, no Brasil.

As notícias davam conta de que o escritor tencionava mesmo casar- -se com a jornalista, apesar do pouco tempo de relação, o que não se veio a concretizar. E comentava-se a ironia da história se repetir: outra grande figura da literatura portuguesa que se perdia de amores por uma jornalista estrangeira. António Lobo Antunes acabaria por casar-se, sim, e com uma jornalista, mas portuguesa. As musas também podem falar a nossa língua.

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