Os efeitos secundários do slow motion

Macbeth, Justin Kurzel
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A amaldiçoada peça de Shakespeare - que as gentes do teatro britânico só se atrevem a pronunciar como "a peça escocesa" - procura nova aclamação no grande ecrã, depois das fundamentais versões de Orson Welles e Akira Kurosawa. E procura-a sem subtilezas...

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Michael Fassbender, no mítico papel de Macbeth, aquele que mata o rei para se tornar ele próprio rei, na sequência da profecia de três feiticeiras, e com o incentivo de Lady Macbeth (Marion Cotillard), tem aqui mais um trunfo para a sua brilhante carreira, assim como a atriz francesa. Mas às suas interpretações escrupulosas, que encontram a veia do texto de Shakespeare, só corresponde uma grande farsa. Este Macbeth, de Justin Kurzel, ao desejar tanto parecer-se com um objeto artístico de alto gabarito, espalha-se ao comprido no programa dessa tentativa. O filme do australiano, ainda que, na sua conceção geral, se possa alojar em argumentos de gosto operático, torna-se insuportável no excesso de cenas em slow motion, na jactância sanguinária e exibicionismo estético. Sente-se claramente que o realizador não controla o seu "monstro".

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