Os dias negros do fruto que ficou perigoso

Cultivado desde a Antiguidade na Europa, o pepino, que até foi nome de rei carolíngio, volta à ribalta pelos piores motivos.
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De repente, agora que se aproxima a melhor altura das saladas, os pepinos adquirem um protagonismo nunca visto. Só mesmo no tempo dos carolíngios o fruto do pepineiro havia conquistado tamanha notoriedade, quando um rei dos francos o trouxe para o nome. Isso mesmo. Estou a falar de Pepino, o Breve, pai do imperador Carlos Magno.

Hoje, o protagonismo do fruto que foi nome de rei surge pelas piores razões, por obra e graça de uma agricultura que despreza os ritmos da terra, as estações, a antiquíssima sabedoria de equilíbrio com a natureza. E, deste modo, alguns dos inofensivos pepinos tornaram-se perigosos.

Em poucos dias, o surto de infecção com a bactéria E.coli, que alegadamente os pepinos de certas explorações alojam, já matou 19 pessoas: 18 na Alemanha e uma na Suécia [à hora do fecho desta edição]. No país da senhora Merkel, às vítimas mortais juntam-se mais de 2000 contaminados.

Quando surgiram os primeiros casos desta epidemia de diarreia mortal, os pepinos espanhóis irromperam no topo da lista dos suspeitos, pelo menos era essa a opinião das autoridades alemãs. Dias depois, o ministro da Agricultura do Governo de Angela Merkel afirmava que os cientistas ainda não estavam em condições de apontar a fonte da infecção. O comissário europeu responsável pela área da saúde, John Dalli, admite que a identificação da fonte do surto "não será fácil".

O pepino é originário das regiões montanhosas da Índia. Dócil fruto, é cultivado desde a Antiguidade, na Ásia, na África e na Europa.

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