Os benefícios do centralismo
A Cidade do Futebol é um velho projeto da Federação, que começa agora a tornar--se realidade e para já há que louvar o facto de ter respeitado razoavelmente prazos e orçamento. A federação alemã está a construir o seu em Frankfurt e em vez de 89 milhões vai custar 109. E só é para abrir em 2018, pelo que daqui até lá faremos contas, porque nestas coisas os alemães não são melhores do que nós. Há muitos exemplos. Este projeto da FPF tomou o nome do espanhol (Casa del Futbol) mas tem como grande referência Clairefontaine, o centro da Federação Francesa que é o modelo de referência, porque a partir da sua construção a seleção francesa chegou a campeã da Europa e do mundo. Não foi só por causa de Clairefontaine, mas também foi por isso. Em França há muito a ideia da centralização e neste caso fez sentido pôr tudo no mesmo sítio - seleções, treinadores e árbitros e os clubes, quando necessário, reúnem-se todos ali. De resto, a FFF tem ainda uma sede em Paris porque é aí que a administração funciona. Clairefontaine é a cerca de 80 quilómetros e é em si mesmo o centro técnico do jogo.
A Espanha, em Rozas, ao lado de Madrid, a Inglaterra, com St. George"s Park, no centro do país, a Itália com Coverciano, em Florença, têm estruturas do mesmo género, mas não funcionam tão bem, ou não são tão centrais em todo o futebol desses países. Em Inglaterra e em Itália não podia ser nas capitais, não faria sentido, como também na Alemanha, porque há outras culturas e outras formas de olhar para o mundo.
Em Portugal, a Federação é hoje a única estrutura do setor que tem dinheiro a prazo. As seleções que participam nas fases finais significam muito dinheiro e a FPF conseguiu o dinheiro necessário - e hoje o que recebe do Estado é apenas cerca de 2%, segundo as contas que eu vi, das verbas de que dispõe. E o novo complexo muda, sobretudo, o que se pode fazer na formação, porque as seleções e os treinadores estão ali, concentrados, com toda a estrutura. A seleção A beneficiará depois desse trabalho.