Os animais não são presentes de Natal e merecem proteção e cuidados durante todo o ano, e não apenas em épocas festivas. Não queremos animais com uma fita ou um laço ao pescoço debaixo do pinheiro que, dias mais tarde, são devolvidos ou abandonados..Sabemos que o Natal é também sinónimo de presentes e muitos pais decidem aproveitar esta altura do ano para oferecer o animal que a criança tanto deseja. Face a um animal fofi tnho, a maior parte das crianças reage com muita alegria e entusiasmo. No entanto, à medida que o tempo passa e o efeito de novidade se desvanece, este contentamento dá lugar à rotina e à noção de que cuidar de um animal exige tempo e algum trabalho. Tem também um conjunto de despesas associadas, ne´rm sempre previstas..Muitas crianças prometem ainda ajudar a cuidar do animal, algo que depois nem sempre se concretiza. Neste contexto, e após uma decisão que tantas vezes é precipitada e irrefletida, muitos pais arrependem-se e nos primeiros dias do ano, da mesma forma que deitam fora o papel de embrulho amachucado, abandonam ou devolvem o animal..Os animais não são coisas descartáveis que vamos buscar e deitamos fora quando bem nos apetece. Sentem fome e frio como nós, e sentem também a tristeza da solidão e do abandono. Alguns também choram. Merecem, portanto, um processo de adoção responsável e ponderado..Quando se oferece um animal que, depois, se deita fora, ensinamos às crianças que é legítimo objetificar um ser que experiencia sensações e emoções e, ainda, que a falta de compaixão é aceitável. Tudo isto numa altura do ano em que se apregoa a tolerância, o amor ao próximo, a solidariedade e a entreajuda..Aproveitemos, então, o Natal para educar as crianças para a gentileza e a generosidade face ao outro - seja o outro uma pessoa ou um animal. Penso que será este o verdadeiro espírito natalício..Psicóloga clínica e forense, terapeuta familiar e de casal