Yelena Isinbayeva prometeu e cumpriu. A russa tornou-se, em Londres, a primeira mulher a passar os 5 metros no salto com vara, acrescentou num só dia (em dois saltos) cinco centímetros ao seu próprio recorde do mundo, que ainda nem tinha uma semana. .A saltadora russa "prescindiu" dos previsíveis prémios por bater o recorde mundial centímetro a centímetro até aos 5 metros, "perdendo" com esta opção cerca de 200 000 dólares ( 165 000 euros). Mas esta mediática decisão levou-a a escrever o seu nome na história do desporto mundial , feito que faz recordar o seu ídolo, o ucraniano Serguei Bubka, o primeiro homem a passar a fasquia na marca dos 6 metros..Para além dos recordes, o que há de comum entre o ucraniano Bubka e a russa Isinbayeva? Ambos são conhecidos como os "caçadores de recordes". Com apenas 23 anos, Isinbayeva soma já 17 máximos mundiais. Bubka, há muito afastado das pistas, agora presidente do Comité Olímpico da Ucrânia, conta no seu currículo 35 recordes do mundo. Os dois atletas das antigas repúblicas da URSS têm outra característica comum fazem do salto com vara um espectáculo, com cada recorde do mundo a valer muito milhares de dólares, tornando-os nos atletas que mais facturam no atletismo mundial. Curiosamente, as semelhanças entre os dois atletas vão muito para além dos recordes. Bubka, apesar dessa soma de máximos, foi apenas uma vez campeão olímpicos. Isinbayeva foi já campeã olímpica em Atenas mas esteve muito perto de perder quando passou a última tentativa de 4,80, batendo depois o recorde do mundo a 4,91, que lhe deu o ouro..A antiga ginasta, que se converteu depois à recente especialidade feminina do salto com vara, já so-ma no seu currículo 12 recordes no escalão sénior. Dois anos após ter batido pela primeira vez o recorde do mundo, os sucessos de Isinbayeva já não surpreendem ninguém e confirmam-na como a melhor varista da actualidade, apesar da boa forma das anteriores recordistas, a russa Svetlana Feofanova e a americana Stacy Dragila..Este ano, a russa melhorou o seu próprio recorde em sete centímetros. O Meeting Norwich Union ( Crystal Palace), onde há dois anos bateu o seu primeiro recorde, voltou a ser o local perfeito "Era um sonho ser a primeira mulher a chegar aos cinco metros. Adoro a pista e este estádio. O tempo estava óptimo (21 graus) e a assistência excelente. Não sei até onde posso chegar, talvez aos 5,05", disse. O grande "pulo" da sua carreira deu-o no ano passado, quando progrediu 20 centímetros em cerca de um mês, mas em treinos diz que já chegou aos cinco metros, o que confirmou em Londres. .Yelena Isinbayeva nasceu a 3 de Junho de 1982 em Volgogrado, na Rússia, e tem, apesar da idade, já um muito interessante currículo, em que se destacam os títulos mundiais de juvenis, em 1999, de juniores, em 2001, e absoluto em pista coberta em 2004. Em 2000 e 2001 bateu recordes do mundo de juniores. Ainda em 2001, foi campeã da Europa do seu escalão. Apareceu já em grande forma no Europeu de Mu-nique'02, onde foi segunda atrás da compatriota Svetlana Feofanova. Também foi segunda no Mundial indoor de Birmingham'03 - de no-vo atrás de Feofanova, que então bateu o recorde do mundo. Com um recorde pessoal de "apenas" 4,62 metros em meados de 2003, a mais jovem das saltadoras da elite rus- sa revolucionou por completo a actual hierarquia da vara, onde pa-recia reinar a "czarina" Svetla- na Feofanova, dois anos mais velha..O ucraniano Serguei Bubka, membro da IAAF, acompanhou ao vivo em Londres o salto de Isin-bayeva. "Penso que ela é única, passa recordes como eu fazia no meu tempo. Saltou 5, o que é algo de especial. Penso que pode ir ainda mais alto. Quero que ela bata o meu recorde (de número de saltos para recorde mundial)", disse. . Recordista mundial do salto com vara, é dono de uma marca considerada quase impossível de ser atingida (6,14 m). Maksim Tarasov e Dmitri Markov estão bem mais a baixo com 6,05. Bubka nasceu na cidade de Voroshilavgrado (hoje Luhansk), na Ucrânia, então uma das repúblicas da União Soviética, em 1963. O ucraniano surpreendeu o mundo ao ultrapassar a marca dos 6 m, considerada, ao tempo, intransponível. O salto aconteceu em Paris, no dia 13 de Julho de 1985. Depois, superaria a marca 44 vezes. Nos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988, o atleta não foi capaz de repetir o seu máximo. Mesmo assim, conquistou a medalha de ouro, ao passar 5,90 , novo recorde olímpico. Por fim, em 1993, em Donetsk atingiu o recorde mundial com 6,15 m indoor. E, em 94, em Sestriere, estabeleceu 6,14, recorde mundial ao ar livre.