Os "vencedores" Schleck e Scarponi não se sentem vencedores

A decisão do Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) de punir com dois anos de suspensão Alberto Contador torna o ciclista espanhol no derrotado do dia e promove Andy Schleck e Michele Scarponi a vencedores.
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Protagonista com Contador de uma dura luta pela camisola amarela na Volta a França de 2010, Andy Schleck, derrotado na estrada e o eterno segundo na prova francesa, herda na secretaria a vitória dessa edição, que será inscrita no seu palmarés como a primeira do luxemburguês numa das três grandes do ciclismo mundial.

"Sinto-me muito triste pelo Alberto. Sempre acreditei na sua inocência. Hoje é um dia muito triste para o ciclismo, e o único que podemos retirar de positivo é que haja um veredito 566 dias depois de tanta incerteza", disse Schleck num comunicado difundido pela RadioShack.

O luxemburguês revelou ainda não estar feliz com o desfecho do caso Contador.

"Lutei com o Contador naquela corrida e perdi. O meu objetivo é ganhar o Tour, mas na estrada, não nos tribunais. Se este ano ganhar, verei o triunfo como o meu primeiro", assumiu o ciclista da RadioShack.

Segundo classificado atrás do espanhol nas edições do Tour de 2009 e 2010 e de Cadel Evans em 2011, o mais novo dos Schleck consegue, aos 26 anos, juntar o seu nome à lista de vencedores do Tour, devido à desclassificação do espanhol pelo positivo por clembuterol registado no segundo dia de descanso dessa edição.

Ao segundo lugar do pódio sobe o russo Denis Menchov, até hoje terceiro classificado, posição que agora será ocupada pelo espanhol Samuel Sanchéz, campeão olímpico em Pequim2008.

A história repete-se quase seis anos depois de Floyd Landis ter perdido a Grande Boucle de 2006 para Oscar Pereiro, na sequência de um positivo por testosterona, e quatro anos depois de Stefan Schumacher, terceiro em Paris, ser desclassificado após um positivo por EPO.

Mas Schleck não é o único a herdar uma das camisolas mais ambicionadas do desporto do corpo de Contador: também o italiano Michele Scarponi "recebeu" um presente do TAS, em formato de título na Volta a Itália 2011 e de maglia rosa, reservada aos vencedores do Giro.

"Desde o ponto de vista humano, tenho muita pena do Alberto. Do lado profissional, esta decisão não muda o valor dos resultados que obtive até agora nem os meus objetivos futuros", comentou Scarponi no sítio da sua equipa, a Lampre, na internet.

Por outro lado, o francês John Gadret que, com a retirada dos resultados obtidos pelo espanhol entre fevereiro de 2011 e a data de hoje, ascende ao pódio do Giro, confessou que não vê o seu terceiro posto como real.

"Para mim, este pódio, quase um ano depois, não é um pódio. Os mais dececionados podem ser Scarponi e Nibali [o terceiro em 2011]. O detalhe importante é que, sem o Contador, a corrida não teria sido a mesma, ele estava acima de todos. O Giro não teria sido falseado e teria sido mais interessante", defendeu Gadret.

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