Orquestra juvenil ibero-americana faz estreia mundial em Portugal
Esta orquestra, criada no âmbito de um programa da Secretaria-Geral Ibero-Americana (SEGIB), terá a regê-la o jovem e mediático maestro venezuelano Gustavo Dudamel e contará com uma significativa participação de 43 elementos da famosa Orquestra Sinfónica da Juventude Venezuelana Simón Bolívar.
Dudamel é um elo crucial no projecto, dada a sua experiência no apoio às orquestras juvenis da Venezuela formadas no âmbito de O sistema, uma plataforma concebida e desenvolvida pelo maestro José António Abreu para a reabilitação e integração, através da música, de jovens de meios sociais desfavorecidos, na Venezuela.
O Sistema recebeu em 2008 o Prémio Príncipe das Astúrias das Artes.
Um dos mais mediáticos maestros da actualidade, Dudamel nasceu em 1981 em Barquisimeto, Venezuela, começou a estudar violino aos 10 anos e, pouco tempo depois, composição, com Rodolfo Saglimbeni, tendo em 1996 sido nomeado director musical da Amadeus Chamber Orchestra.
Em 1999 passou a dirigir a Orquestra Juvenil Símon Bolívar, a expressão mais emblemática do Sistema, uma plataforma concebida e desenvolvida
Hoje um maestro disputado pelas mais cotadas orquestras mundiais, Dudamel foi recentemente nomeado director musical da Filarmónica de Los Angeles para o período 2009/2010. Em Maio de 2007, obteve o prémio da Latinidade, atribuído por 37 países latino-americanos e africanos membros da União Latina, pelo seu contributo cultural.
A seguir à venezuelana, a segunda maior participação na orquestra juvenil ibero-americana é assegurada por 41 músicos procedentes da Jovem Orquestra Nacional de Espanha (JONDE).
A representação portuguesa é a terceira maior delegação, por países. Integram-na Paula Carneiro e David Ascensão (violinos), Francisco Pampulha (Viola de Arco), Nuno Abreu (Violoncelo), Ricardo Tapadinhas e André Carvalho (Contrabaixo), Filipe Freitas (Oboé) e João Pedro Santos (Clarinete).
Os oito tiveram percursos académicos considerados "excelentes" nas diversas escolas do país, nomeadamente a Escola Superior de Música de Lisboa, Academia Nacional Superior de Orquestra e a Escola Superior das Artes do Espectáculo do Porto.
A orquestra juvenil ibero-americana, que tem apoio e financiamento (375 mil euros) do Ministério da Cultura Espanhol, através do Instituto Nacional das Artes Cénicas e da Música (INAEM), nasce no âmbito de um programa mais amplo da SEGIB que pretende potenciar iniciativas musicais no espaço ibero-americano, visando "contribuir para o desenvolvimento social, humano e artístico" das sociedades.
"A criação da orquestra juvenil ibero-americana quer reforçar esses valores e é símbolo do esforço compartilhado e da cooperação entre os países da região", informa a SEGIB numa nota.
A pequena localidade de Pilas acolherá os 129 músicos, toda a equipa técnica, o coordenador de orquestra Christian Vasquez e os onze professores responsáveis pelo estágio, que se prolongará por duas semanas de ensaios intensivos.
Este estágio, esperam os promotores do projecto, permitirá que todos os músicos "se apresentem como um conjunto homogéneo" e, ao mesmo tempo, "troquem experiências e conhecimentos".
A orquestra apresentar-se-á dia 1 de Dezembro perante os chefes de Estado e de Governo presnetes na 19.ª Cimeira Ibero-Americana, no Estoril, no dia seguinte terá a sua primeira apresentação pública mundial, num concerto na Fundação Calouste Gulbenkian, e no dia 03 fará a sua estreia nos palcos espanhóis actuando no Auditório de Música de Madrid.
O programa, nos três locais, integra obras de Manuel de Falla (O chapéu de três bicos), Inocente Carreño (Margariteña) e Tchaikovsky (Sinfonia n.º5 em Mi menor, op.64).
Estes concertos "por certo demonstrarão o vigor e a essência de uma jovem Ibero-América, que quer mostrar-se ao mundo, com toda a sua força expressiva e criativa através da música", lê-se na mesma nota da SEGIB.