Ordem investiga médico espanhol

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Operações. Rapidez levanta dúvidas

Cirurgião fez 234 operações às cataratas em seis dias no Barreiro

A Ordem dos Médicos (OM) avançou com uma auditoria aos procedimentos de um cirurgião espanhol que fez 234 operações às cataratas em seis dias no Hospital Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro. Em causa estará a qualidade dos tratamentos, uma vez que a Ordem tem dúvidas sobre como é possível fazer cerca de 40 cirurgias num só dia.

Segundo os responsáveis da OM, estes números só podem ser atingidos se não forem cumpridas normas essenciais, já que, entre cirurgia e esterilização, cada operação demora uma média de 30 minutos - e 40 doentes levariam 20 horas. Jorge Breda, presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, concorda que realizar tantas operações num dia "não é fácil" e pode significar que "nem todas as normas de segurança foram cumpridas".

O oftalmologista espanhol que realizou as operações, José Lillo Bravo, diz que já esperava esta situação, porque quando esteve no Barreiro sentiu algum incómodo por parte dos colegas portugueses. No entanto, afirma não entender "a perseguição da Ordem", da qual é membro desde 2000. Dono de duas clínicas em Espanha - em Badajoz e Mérida -, o oftalmologista garante que consegue realizar muitas operações porque usa "a técnica mais avançada a nível mundial" e tem muitos anos de prática. "Não encontro motivo para justificar esta auditoria, sobretudo quando em Portugal estão a fazer cirurgias como no terceiro mundo", diz. Para Jorge Breda, esta acusação não faz sentido. O presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia garante que as técnicas utilizadas em Portugal são tão avançadas como no resto mundo.

José Lillo Bravo assegura ainda que não houve "nenhuma complicação, ou infecção" nas operações que fez em Portugal. O médico disse também que já contactou a Ordem espanhola, que lhe garantiu todo o apoio necessário. Também o Hospital do Barreiro faz um balanço "extremamente positivo". "Foi um sucesso de todos os pontos de vista: organizacional e a nível do feedback por parte dos utentes", garante Susana Nobre. No Hospital de Elvas, onde já operou mais de mil doentes, o médico é considerado uma pessoa extraordinária, do ponte de vista técnico e humano, diz o enfermeiro Rui Cambóias.

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