Ordem dos Médicos avalia Corporacion Dermoestética
A Ordem dos Médicos (OM) está a investigar algumas queixas de pacientes que recorreram aos serviços da Corporacion Dermoestetica, uma empresa espanhola especializada em tratamentos de beleza. Dependendo do que vier a ser apurado, a acção poderá dar origem a processos disciplinares. Só este ano a Deco já recebeu vinte reclamações de utentes, insatisfeitos com o atendimento desta clínica. Por isso, a associação de defesa do consumidor recomenda "cuidado" a quem pretenda fazer tratamentos estéticos.
Segundo explicou ao DN o bastonário da OM, Pedro Nunes, a Ordem recebeu já "três ou quatro queixas" sobre a Corporacion Dermoestetica, a mais recente das quais há apenas três dias. "É difícil a investigação individualizada neste tipo de casos", comentou o médico, esclarecendo que ainda não é possível responsabilizar nenhum agente em particular dentro da empresa. "Temos de ouvir todas as partes e só depois poderemos chegar a uma conclusão final", acrescentou. Caso se entenda que há motivo para isso, a OM poderá accionar procedimentos disciplinares sobre os profissionais ou mesmo, indirectamente, sobre a instituição, já que se trata de "garantir uma boa prática clínica" e todas as instituições são escrutináveis nesse aspecto. Para o bastonário, as reclamações sobre estes tratamentos de beleza "têm vindo a aumentar nos últimos anos", sobretudo devido "às elevadas expectativas criadas nas pessoas, pela publicidade agressiva" deste tipo de clínicas.
Das vinte queixas que deram entrada na Deco - uma delas de um homem -, onze dizem respeito a "tratamentos estéticos que não corresponderam às expectativas finais do pacientes" ou a terapêuticas que "resultaram em pequenos danos físicos, como queimaduras ou inchaços", que fizeram com que alguns pacientes deixassem de querer sair à rua. Tratamentos a vasos capilares, laserterapias e fotodepilação são alguns dos serviços em causa.
Além destas, os juristas da associação analisaram ainda nove reclamações "relativas à qualidade do serviço prestado", desde "a falta de informação ao consumidor" às "falhas na formação dos profissionais não médicos". Alterações e cancelamento de consultas, marcações de exames incompatíveis no mesmo dia são outras das queixas apresentadas. Há três que concernem a tratamentos que nunca se realizaram, apesar do pagamento ter sido feito com antecedência.
Embora considere que a recepção de apenas vinte queixas sobre uma única empresa não constitui motivo de alarme - já que há outras que dão origem a centenas de reclamações - a jurista da Deco, Margarida Moura, deixa alguns conselhos a quem esteja a pensar em recorrer a tratamentos de beleza "Antes de ir a uma clínica deste tipo, as pessoas devem manifestar a sua intenção junto do médico assistente, para ver se o tratamento é compatível com a sua saúde. Uma vez na clínica, devem pedir informação concreta sobre a terapêutica e os produtos usados, e ler bem o contrato antes de assinar."