Ordem dos Arquitetos vai a votos: candidatos querem estancar fuga para estrangeiro
Lista A - José Manuel Pedreirinho
Quais os desafios da AO para os próximos anos?
Recolocar a Ordem no centro do debate sobre os arquitectos e a arquitectura em Portugal, trazendo os arquitectos para esse mesmo debate (concursos de ideias; tomadas de posição pública em situações polémicas; destaque de carreiras exemplares - prémio de carreira);
Dignificar a profissão como elemento essencial para a qualificação do ambiente em que vivemos, resolvendo os gravissimos problemas que se prendem com a falta de referencia para os honorários e a desregulação da encomenda pública (e o excesso dramático de ajustes diretos).
Os jovens arquitetos estão a emigrar? Isso é uma preocupação para a sua lista? Isso refletiu-se no número de associados da Ordem?
Não sendo especifico da classe dos arquitectos, a necessidade de encontrar no exterior formas de exercer a actividade profissional, reflectiu-se inevitavelmente no numero de associados da Ordem, e na necessidade que sentimos de assegurar formas de apoio que tem faltado a esses colegas.
Esta é, naturalmente, uma grande preocupação para esta candidatura. As circunstancias levaram a que o país exportasse arquitectos. O que queremos é que exporte arquitectura.
Para isso temos que implementar um plano estratégico para a profissão, à semelhança do que já foi feito noutras áreas de atividade e que aliás, está no nosso programa.
Que influencia isso pode ter na arquitetura portuguesa. Podem até trazer novos conhecimentos?
Devemos distinguir na recente vaga de emigração de muitos jovens portugueses aqueles que o fazem por opção e valorização profissional, daqueles que o fazem por necessidade de sobrevivencia. Para os primeiros essa experiência no exterior poderá seguramente ser profissionalmente enriquecedora, para os segundos não tanto.
A aposta na reabilitação, nomeadamente Lisboa e Porto, tem beneficiado os arquitetos portugueses?
A reabilitação urbana, recentemente descoberta pelos políticos nacionais, há muito que era referida pelos arquitectos como uma aposta necessária para a requalificação das nossas cidades, tal como a reabilitação das periferias urbanas ainda muito desqualificadas. Ambas são áreas importantes de trabalho para os arquitectos e onde a sua actividade pode trazer beneficios muito consideráveis na melhoria da qualidade de vida de todos nós.
E têm sido chamados a pensar as cidades? Se não o que pensa fazer para mudar isso?
Os arquitectos são seguramente um dos agentes previlegiados para pensar a cidade, como manifestação cultural mas confrontam-se cada vez mais com a actuação de outros profissionais e com poderes "exteriores" determinantes, onde as decisões económicas são cada vez mais decisivas.
Consideramos que esta é uma das nossas principais lacunas na ação da Ordem dos Arquitectos que não tem sido capaz de antecipar as grandes questões do território, promover o seu debate e discussão e apontar caminhos. Queremos uma Ordem mais interventiva no espaço publico e mediatico.
A classe é muito "fechada" em Portugal e no que acontece em Portugal? Deve olhar mais para o estrangeiro?
Neste momento é dificil, quase impossivel, uma qualquer actividade cultural fechar-se nas fronteiras de um país. A informação circula e os arquitectos portugueses estão bem informados do que se passa no mundo, ainda que haja condições muito específicas do nosso país e do enquadramento da realidade portuguesa.
Internamente a classe deve encontrar novos caminhos de se abrir à sociedade e de maior visibilidade do seu trabalho e nisso a Ordem deve ter um papel fundamental.
Considera que existe um reconhecimento internacional da arquitetura portuguesa? Ou são apenas casos específicos de arquitetos e do seu trabalho?
Há claramente um reconhecimento internacional por uma arquitectura periférica, um reconhecimento que vem na sequência da "descoberta" do trabalho de alguns dos nossos arquitectos, mas que neste momento vai claramente muito para além dele. Precisamos agora de encontrar formas de os arquitectos se posicionarem estrategicamente no sentido de levar ainda mais longe esse patamar de reconhecimento.
O facto de existirem três listas mostra vitalidade na classe? Ou descontentamento com o rumo da arquitetura/ arquitetos em Portugal?
É seguramente uma demonstração de vitalidade da classe.
Quais as suas primeiras medidas se for eleito?
Devem ser medidas em dois sentidos:
- Mais trabalho para os arquitectos, sem o qual o país continua a degradar o seu território e a paisagem. Nestas medidas incluem-se a negociação da contratação publica, o plano estratégico para a profissão e a promoção de diversos programas de intervenção na sociedade.
- Aproximação da Ordem aos membros, criando um sentimento de pertença e de justiça na relação custo beneficio, Aqui incluem-se todas as medidas de reconhecimento de carreira, de recepção aos novos membros, de proteção social, etc.
Lista B - Rui Alexandre
1) Quais os desafios da AO para os próximos anos?
Identificamos os principais desafios da OA nos 10 pontos do programa de candidatura da nossa Lista à OA. São eles sinteticamente:
- Integrar os novos membros desde a formação ao estágio.
- Qualificar e dignificar o trabalho promovendo o respeito pelo papel do arquitecto e a sua digna remuneração.
- Potenciar a internacionalização do exercício da profissão e a exportação dos serviços de Arquitectura.
- Reforçar a presença da OA no território nacional.
- Garantir a gestão financeira promovendo atransparência e a sustentabilidade.
- Promover a Arquitectura divulgando-a e gerandodiscussão.
- Monitorizar a profissão com base no conhecimento,com vista à sua regulação.
- Ter uma voz presente e influente nos locais de debate e decisão sobre a qualidade do ambiente construído, do território, do espaço público e do património edificado.
- Debater e divulgar a Arquitectura Portuguesa no exterior.
- Defender a Arquitectura como bem públicopromovendo a encomenda e a educação.
2) Os jovens arquitetos estão a emigrar? Isso é uma preocupação para a sua lista? Isso refletiu-se no número de associados da Ordem?
Estão. É uma preocupação na medida em que essa saída do país ocorre por falta de oportunidades de trabalho em Portugal.
Representa também um investimento formativo nacional do qual não tiramos colectivamente partido.
Compete à OA lutar pela oportunidade de trabalho dos arquitectos e arquitectas portugueses.
O número de associados não depende exclusivamente da permanência no país, pois, norma geral, os arquitectos licenciados estão inscritos na Ordem. Tem, no entanto, reflexo relevante no número de associados inscritos e que se encontram activos a trabalhar no nosso país.
3) Que influencia isso pode ter na arquitetura portuguesa. Podem até trazer novos conhecimentos?
O contacto com outras culturas e oportunidades de trabalho é sempre enriquecedor e em ultima análise, terá sempre directa ou indirectamente reflexo positivo na cultura arquitectónica nacional.
Esses conhecimentos são tanto de ordem metodológica, pela experiencia de trabalho em escalas de atelier e obra diferentes, como cultural pela natureza diversa das geografias e dinâmicas socioeconómicas, ou ainda técnica em função da expressão construtiva dos locais onde trabalhem.
A Ordem será sempre mais rica e útil se conseguir contribuir para a expansão e partilha da experiência e conhecimento de todos os arquitectos e arquitectas.
Propomos fazer isto através de um Gabinete de Apoio à Internacionalização que não só apoie quem procura emprego no mercado externo, mas também que promova oportunidades para que os escritórios portugueses possam competir por mais projectos e presença em novos mercados, permitindo assim a todos a opção de trabalhar 'cá dentro' e/ou 'lá fora'.
Queremos ainda, à semelhança do trabalho e reconhecimento de outras organizações de arquitectos entre as quais se destacam talvez a RIBA - Royal Institute of British Architects ou a AIA - American Institute of Architects, promover a 'Arquitectura Portuguesa' enquanto 'marca de excelência' nos países da Lusofonia, na Europa e mais além.
4) A aposta na reabilitação, nomeadamente Lisboa e Porto, tem beneficiado os arquitectos portugueses?
Sim, começa a ter alguma expressão no trabalho de arquitectura em Portugal. Mas por outro lado, dada a desvalorização do trabalho que a profissão conheceu nos últimos anos, corresponde a trabalho angariado em condições económicas muito desfavoráveis para os arquitectos, não garantindo por isso uma resposta de rigor e qualidade adequada aos termos da legislação portuguesa.
O Estado tem neste sentido grande responsabilidade uma vez que desvalorizou também o acesso á encomenda pública e a sua remuneração. Compete por isso à OA lutar pelos interesses dos arquitectos e bem assim dos portugueses.
5) E têm sido chamados a pensar as cidades? Se não o que pensa fazer para mudar isso?
Em geral, com excepção do trabalho em algumas autarquias, os arquitectos não têm estado presentes no desenho e reabilitação das cidades.
Há um trabalho importante a realizar pela OA junto do poder autárquico e do poder central para esclarecer e propor metodologias de trabalho nesta área.
6) A classe é muito "fechada" em Portugal e no que acontece em Portugal? Deve olhar mais para o estrangeiro?
Por razões de formação a classe dos arquitectos sempre olhou muito para o que se passa no estrangeiro. A viagem foi e permanecerá como uma das ferramentas especificas ao arquitecto, que permite a aquisição e consolidação do conhecimento disciplinar.
Por isso, ser arquitecto é também ser um profissional do mundo. Isso não retira que a atenção ao local e à defesa daquilo que nos é especifico possa ou deva ser negligenciado. Pelo contrário devemos olhar o "outro" para sabermos distinguir, valorizar e melhorar o que nos é próprio.
7) Considera que existe um reconhecimento internacional da arquitectura portuguesa? Ou são apenas casos específicos de arquitectos e do seu trabalho?
Sim, a arquitectura portuguesa é reconhecidamente muitíssimo qualificada e reconhecida internacionalmente, não só através da divulgação em livros, revistas e exposições de algumas das personalidades da arquitectura portuguesa, mas também através do interesse que a arquitectura portuguesa desperta e que se verifica no convite a arquitectos nacionais para proferirem conferências ou fazerem docência em outros países.
Verifica-se também um aumento de estudantes Erasmus nas escolas de arquitectura portuguesas, e um grande número de jovens arquitectos a procurar trabalho com arquitectos portugueses. O turismo de arquitectura é também um fenómeno a registar e a ter uma forte importância no nosso pais.
8) O facto de existirem três listas mostra vitalidade na classe? Ou descontentamento com o rumo da arquitectura/ arquitectos em Portugal?
Mais do que uma lista em concorrência demonstra evidentemente vitalidade. Mas reflecte também vontade de mudança, de reorientação da postura pública e política da Ordem. É muito importante voltar a centrar a actividade da Ordem dos Arquitectos num objectivo de valorização económica e social da classe, prestando um melhor serviço á sociedade portuguesa.
9) Quais as suas primeiras medidas se for eleito?
Todas as que estão indicadas no Programa publicado, e ainda motivar o governo português a implementar a Política Nacional de Arquitectura e Paisagem, que teve resolução em Conselho de Ministros a 4 de Junho de 2015.
Lista C - Teresa Novais
Quais os desafios da OA para os próximos anos?
Para além do seu papel na certificação dos profissionais da Arquitetura em Portugal, a O.A. deve ser a entidade de referência da prática, da política e da cidadania quanto à Arquitetura, Ordenamento do Território e Paisagem.
Queremos que a O.A. deixe de ser uma instituição reativa para assumir uma visão estratégica e política que a guie perante a sociedade e os seus membros, ou seja, mudar o presente para construir um futuro melhor.
2. Os jovens arquitetos estão a emigrar? Isso é uma preocupação para a sua lista? Isso refletiu-se no número de associados da Ordem?
Os jovens arquitetos continuam a emigrar em grande parte por via das condições de remuneração que em Portugal são manifestamente insuficientes.
Esta não é apenas uma preocupação da minha candidatura: é uma preocupação do país que assim perde profissionais altamente qualificados.
A Ordem dos Arquitectos deve pugnar por melhores condições para o exercício da profissão, nomeadamente ao nível dos valores da encomenda e da promoção do valor acrescentado dos serviços de arquitetura, único meio de permitir a oferta de melhores condições salariais para a profissão.
Mas a atividade dos arquitetos a trabalhar em Portugal já não se confina ao território nacional. A OA tem de garantir a certificação e o reconhecimento internacional das habilitações dos arquitetos portugueses no mercado global assim como promover estratégias de apoio à internacionalização das nossas empresas que querem e que já prestam serviços para outros países e mercados.
Por último, é importante a OA afirmar que existe lugar para todos os arquitetos exercerem em Portugal. Temos uma enorme franja da nossa população a viver em condições miseráveis, temos toda uma periferia por requalificar, e temos ainda vastas
áreas do território onde as dificuldades são gritantes e urge que o Estado tome medidas concretas para alteração desta situação.
Os serviços dos Arquitetos são parte da solução. Não foi por acaso que Portugal foi sujeito a fortes críticas por parte da Relatora da ONU sobre habitação, que criticou ferozmente as condições de habitação e a falta de implantação do direito constitucional á habitação. Se Arquitetura é um direito que está consagrado na Política Nacional da Arquitetura lei, é uma obrigação do Estado garantir este direito nas suas ações.
Um dos desafios da Ordem dos Arquitectos é desenhar com o Estado soluções para que existam condições efetivas para que este direito esteja disponível para todos.
3. Que influencia isso pode ter na arquitetura portuguesa. Podem até trazer novos conhecimentos?
Num mundo globalizado, a dispersão global de arquitetos portugueses tem vantagens a vários níveis, construindo uma rede de parceiros e "embaixadores" da arquitetura e da cultura portuguesa que potenciam colaborações entre arquitetos e empresas portuguesas e estrangeiras.
É importante ter arquitectos portugueses em pontos-chave como as universidades, em centros de arquitetura, em grandes e pequenos ateliers e empresas de construção no estrangeiro. São posições estratégicas que originam convites para trabalho, para colaborações, e permitem uma visibilidade e reconhecimento que potenciam o mercado global para os arquitetos portugueses. Estas experiências sem dúvida influenciam a arquitetura portuguesa enriquecendo-a.
Mas os exemplos mais claros deste enriquecimento são a prática das gerações emergentes de arquitectos portugueses que beneficiaram de programas de mobilidade de ensino, como o programa ERASMUS entre outros, conduzindo com naturalidade à vontade de exercer a profissão fora do país pelo menos temporariamente, como opção, nos primeiros anos da prática, adquirindo novos conhecimentos e ferramentas.
Quando regressam a Portugal são profissionais exigentes, cientes das suas capacidades mas não encontram em Portugal idênticas condições do exercício da profissão, nem a valorização do seu trabalho.
Da Ordem dos Arquitectos esperam um papel mais interventivo na defesa da profissão,
de uma forma pragmática, sistemática e até se necessário, incómoda na persecução da sua missão junto da sociedade.
4. A aposta na reabilitação, nomeadamente Lisboa e Porto, tem beneficiado os arquitetos portugueses?
A reabilitação está em grande parte dirigida para o Turismo e apenas em parte beneficia os arquitetos, pois devido degradação da profissão verifica-se sobretudo uma enorme pressão sobre os custos do projecto, o que tem vindo a destruir toda a cadeia de valor, cujas consequências ainda não são visíveis para toda a gente, que ainda fala na excelência da arquitetura portuguesa, mas que nestas condições não é sustentável.
Assim, se o Turismo permitiu a sobrevivência imediata de algumas práticas, também os arquitetos são os primeiros críticos no modo como estas operações se estão a desenvolver, quer na ausência da política das cidades, quer na qualidade arquitetónica, construtiva e infraestrutural das intervenções. A legislação aprovada para facilitar a intervenção veio claramente em auxílio de obras que descuram as condições de conforto e da segurança entre outras, permitindo até a ausência de técnicos. Os serviços de projecto neste domínio deviam beneficiar da redução do valor de IVA, à semelhança da construção.
A inexistência de uma política das cidades permite a massificação dos alojamentos turísticos e dos serviços que os apoiam, está a afastar as comunidades locais e as suas atividades. Várias cidades europeias se debatem com este problema e procuram e implementam políticas preventivas. Lisboa e Porto, deveriam publicamente mostrar as suas preocupações e junto dos profissionais que desenvolvem conhecimento sobre a vida das cidades criar políticas para uma cidade viva e diversa.
Mas o mais importante é referir de novo, que existem largas zonas em todas as nossas cidades, para além dos centros históricos, e no mundo rural que necessitam urgentemente de processos de reabilitação, quer do espaço público quer das habitações pois carecem das mínimas condições de habitabilidade e conforto. Da péssima qualidade de construção das periferias durante os anos 60 a 70 às aldeias onde nunca chegou o Estado de direito, onde ainda se morre de hipotermia, como exemplo ainda esta semana aconteceu, são espaço de ação para os arquitetos.
Esperemos que com a redação da nova lei da Habitação, e da promessa de um novo PER (programa especial de realojamento), em conjunção com a efetuação dos fundos do programa Portugal 2020 se possa realmente iniciar o processo de resolver este grave problema do país e das nossas populações.
5. E têm sido chamados a pensar as cidades? Se não o que pensa fazer para mudar isso?
Muito pouco no passado recente.
Iremos estar particularmente atentos, aos processos urbanos, com a nova postura que vamos adaptar na OA, com muito mais participação politica, e quando se justificar, com uma postura reivindicativa e, se necessário, inconveniente. Esta situação tem que se alterar.
Vamos também promover a enorme experiência que os Arquitectos têm em processo participativos, e temos a certeza que as autarquias urbanas deste país irão querer aproveitar esta oportunidade.
Mais, vamos implementar o Fórum dos Arquitectos da função pública para estabelecer novas vias de diálogo e de participação com os poderes locais.
Vamos dar uma nova visibilidade ao Colégio do Urbanismo para consolidarmos a nossa presença no futuro das nossas cidades, através de guias de melhores práticas, sempre com a noção que as cidades são dos cidadãos e que cabe á OA ser a entidade de referência nestas matérias.
6. A classe é muito "fechada" em Portugal e no que acontece em Portugal? Deve olhar mais para o estrangeiro?
Não, desde sempre que os arquitectos estiveram na linha da frente, atentos às mais recentes inovações e ao debate internacional, com um contributo importante na modernização do país.
A atividade dos Arquitectos a trabalhar em Portugal, como dissemos já, não se confina ao território nacional. Queremos reforçar o papel da Ordem dos Arquitectos na internacionalização dos serviços de Arquitetura e capitalizar o importante capital que a Arquitetura portuguesa dispõe, o prestígio dos seus profissionais.
Contudo, face aos impactos da crise económica, as empresas de Arquitetura estão profundamente descapitalizadas, o que torna muito difícil que possam investir nestes novos mercados.
Por outro lado, os mecanismos de apoio existentes, nomeadamente ao nível do AICEP não se enquadram na realidade das empresas de Arquitetura, o que não deixa de ser irónico, pois na promoção externa da economia portuguesa não faltam referências ao prestigio que esta alcançou internacionalmente.
Pretendemos reivindicar junto do AICEP e do Ministério dos Negócios Estrangeiros mecanismos específicos e adequados às empresas de Arquitetura. Ou seja, mecanismos que auxiliem as nossas empresas a se internacionalizarem. É urgente maximizar o capital de prestígio da Arquitetura Portuguesa.
7. Considera que existe um reconhecimento internacional da arquitetura portuguesa? Ou são apenas casos específicos de arquitetos e do seu trabalho?
O reconhecimento internacional da arquitetura portuguesa é inquestionável mas não é homogéneo.
Incide sobre os autores em primeiro lugar, mas estende-se a um corpo de trabalho reconhecido por competências múltiplas, desde a sólida formação, o domínio de línguas e de capacidade de negociação que permitiram que um país com a nossa (reduzida) escala assumisse a presidência das mais importantes instituições mundiais, como a CE e a ONU, e ganhasse dois Prémios Pritzker.
Somos mais conhecidos nas áreas geográficas da influência portuguesa, e mediterrânica, começamos a chegar a novas geografias, como o Norte da Europa, ou do Médio Oriente, mas temos que chegar mais longe. Quando temos oportunidade de
pôr à prova a nossa competência, ela é reconhecida ao mais alto nível, mas a nossa pequena escala como país, com pouco apoio governamental, e de micro empresas é um obstáculo que temos que superar. Para esse efeito temos que promover as vantagens da associação de múltiplos pequenos ateliers para acederem de forma sustentada ao mercado global.
8. O facto de existirem três listas mostra vitalidade na classe? Ou descontentamento com o rumo da arquitetura/ arquitetos em Portugal?
A cidadania e a participação para encontrar soluções sempre fizeram parte do que é ser Arquiteto, e hoje, ao contrário de um passado recente, os arquitetos sabem que a OA é parte integrante das soluções que precisam para alterar um presente de precariedade e degradação da profissão.
A disponibilidade de um número sem precedentes de arquitectos para contribuir, e visões distintas demonstra a vitalidade da profissão de identificar os problemas e dar-lhes resposta, o que constitui o seu principal contributo para a sociedade.
Este programa e esta equipa, que se candidatam, resultam de um longo trabalho que começou com debates para ouvir os arquitetos, recolher e discutir as suas propostas, ou a participação no Congresso com moções estratégicas, refletindo a realidade e as expetativas da profissão. É uma equipa representativa da diversidade geracional, geográfica e profissional da arquitetura em Portugal hoje, procurando simultaneamente garantir quer a continuidade e a experiência de quem já participou anteriormente na vida associativa, quer a renovação conquistando a contribuição de quem colabora com a OA pela primeira vez.
E é por causa dessa vitalidade e capacidade de propor alternativas de futuro que acreditamos que vamos ser eleitos e contribuir para promover activa e publicamente o contributo Multiplicador dos Arquitectos, e criar condições de Sustentabilidade essenciais para a profissão e para a instituição.
9. Quais as suas primeiras medidas se for eleito?
A primeira coisa que farei será solicitar uma reunião com o Primeiro-ministro.
Mas antes irei reunir com todas as candidaturas para promover o consenso de objectivos que nos parece existir: precisamos de uma ordem interventiva, com acesso ao poder político e ao espaço mediático, mas precisamos da colaboração e o empenho de todos os arquitectos. Contamos com o apoio dos anteriores presidentes e da experiência acumulada.
A luta contra a degradação e precaridade da profissão constitui o principal desafio.
Para isso a implementação do Observatório da Arquitetura vai ser fundamental. Temos de criar ferramentas de monitorização do exercício da profissão e do seu desempenho para poder com atualidade informar as políticas da OA.
Pretendemos também que o Arquiteto veja instituída a sua carreira, que lhe reconheça o percurso profissional, formativo, e as competências adquiridas. Esta medida irá permitir a clarificação da responsabilidade e remuneração devida desde o estagiário até ao Arquitecto sénior, ao mesmo tempo que promove transparência e clareza nas relações profissionais.
Pretendemos igualmente, que o Estado assuma e alargue os compromissos que assumiu quando instituiu a Politica Nacional da Arquitetura e da Paisagem, nomeadamente através de uma maior transparência e assunção do mérito na encomenda pública nomeadamente promovendo modelos alternativos ao Preço mais Baixo, e que me melhor servem cada situação, procurando sempre alargar o acesso à encomenda a mais arquitetos, e implementação da Bolsa de Arquitetos Oficiosos para democratizar o Direito á Arquitetura.
Queremos deixar de ser uma instituição reativa e ganhar capacidade de antecipação.
Como sociedade precisamos de ser capazes de planear onde queremos estar num horizonte de futuro. Propomos iniciar uma reflexão multidisciplinar para perceber os principais desafios que enfrentamos até 2050, onde queremos estar nesse horizonte temporal e que papel pode ter a arquitectura. Em suma são estas as nossas grandes prioridades.