Opus Ensemble celebra José Afonso
O "convite" (ele gosta de frisar que não se tratou de uma encomenda...) partiu da Câmara Municipal da Amadora e Alejandro Erlich Oliva, contrabaixista fundador do Opus Ensemble, meteu mãos à obra.
De que se tratava, afinal? De escrever uma peça "que integrasse a programação das comemorações autárquicas do 25 de Abril e que lembrasse a efeméride dos 20 anos sobre a morte de José Afonso". Do cantautor, Erlich Oliva guarda a memória de "uma relação próxima e cúmplice nascida da admiração dele pela Ana Bela Chaves e pela Olga Prats".
Puxou um pouco pela memória e fez-se luz: "decidi pegar em duas peças nas quais já tinha trabalhado sobre temas dele e escrever uma terceira, tornando o todo num tríptico". Donde resulta o título da obra, cuja designação "oficial" é Tríptico homenagem sobre temas de José Afonso.
Aproveitou, assim, Era um redondo vocábulo - "que escrevemos para a colectânea dos Filhos da Madrugada" - e O milho da nossa terra, que "integrou a minha obra Esboços de câmara sobre temas tradicionais portugueses, a partir do Cancioneiro de Lopes Graça e Giacometti".
A mesma fonte serviu de referên- cia para a nova peça: Adeus ó serra da lapa. Razão da escolha foi "o deleite musical e a maneira como a melodia encaixa bem numa forma geral englobando as outras duas peças", explica. Tema novo que será, até, o primeiro a ser ouvido: "coloquei-o em primeiro lugar porque achei que respondia melhor à organização estrutural da obra, que assim se desenvolve num Moderato-Adagio-Allegro moderato", explica-nos. O Tríptico está "todo ele instrumentado para os quatro elementos do Opus Ensemble" [para lá de Erlich Oliva, também Olga Prats (piano), Ana Bela Chaves (viola) e o oboísta Pedro Ribeiro].
Completam o programa obras de Telemann, Beethoven, as Geórgicas de Lopes Graça e a Suite de danças, de Joly Braga Santos - "o Opus Ensemble é o dedicatário de ambas", lembra-nos Erlich Oliva.