Milhares nas ruas contra Maduro. Quatro mortos
A oposição venezuelana mobiliza-se hoje num protesto contra o presidente Nicolás Maduro, cujo novo mandato não é reconhecido por parte da comunidade internacional. Durante a noite, pelo menos quatro pessoas terão morrido, uma delas um jovem de 16 anos "ferido com arma de fogo durante uma manifestação" no bairro de Cátia, em Caracas.
Além da oposição, também os apoiantes de Maduro têm previsto sair às ruas, numa data que é simbólica para o país: há 61 anos, um movimento cívico-militar derrubou o ditador Marcos Pérez Jiménez, que esteve à frente dos destinos da Venezuela entre 1952 e 1958.
Uma data que Maduro lembrou no Twitter.
"Hoje teremos a oportunidade de nos reencontrarmos como povo em toda a Venezuela. Os olhares do mundo estarão hoje sobre a nossa pátria. Diremos como conseguiremos: o fim da usurpação, o governo de transição, eleições livres", escreveu no Twitter o presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, que desde que assumiu o cargo no início de janeiro se transformou na mais forte voz contra Maduro.
Foi Guaidó que a 11 de janeiro, após a investidura de Nicolás Maduro para o segundo mandato, que apelou à "grande mobilização de todos os cantos da Venezuela". O governo respondeu através de Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Constituinte, que lançou um apelo para os apoiantes de Maduro saírem também às ruas.
Guaidó tem estado a publicar nas redes sociais imagens dos protestos.
Os protestos surgem dois dias após a detenção de um grupo de 27 militares rebeldes, que terá tentado um golpe numa caserna no norte de Caracas, com apelos à insurreição. Maduro acusou o governo norte-americano, através do vice-presidente Mike Pence, de ter ordenado um "golpe de Estado fascista", tendo ordenado a revisão de todas as relações diplomáticas com os EUA.
Pence mostrou o seu apoio à manifestação da oposição na véspera da marcha. "Quando fizerem as vossas vozes ouvir-se amanhã, em nome do povo americano, dizemos a todo o bom povo venezuelano: estamos com vocês." Esta última parte disse em espanhol "Estamos con ustedes".
Nas manifestações prévias à grande marcha, segundo a polícia e os ativistas, morreram pelo menos quatro pessoas. Os protestos começaram em vários bairros de Caracas, onde os manifestantes bloquearam ruas e utilizaram tampas de tachos para se fazerem ouvirem em bairros populares, como Cátia, Petare e El Valle, tradicionalmente afetos ao chavismo. Em Cátia terá morrido um jovem.
Há ainda registos de protestos nos estados de Vargas (norte de Caracas) e Bolívar (sudeste do país). Nesta última localidade os manifestantes incendiaram uma estátua do falecido presidente Hugo Chávez (presidiu o país entre 1999 e 2013), segundo vídeos divulgados pelas redes sociais. Terão morrido aí as restantes três pessoas.