Oposição e Governo com leitura diferente dos indicadores socio-económicos dos Açores

Os partidos da oposição e o Governo Regional dos Açores apresentaram hoje posições diferentes sobre a situação económica e social do arquipélago, no parlamento açoriano, na sequência de uma declaração política do CDS-PP.
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"Os Açores e os açorianos precisam de reformas urgentes em áreas cruciais como o emprego, as pescas, a agricultura, a saúde e os transportes. Sem elas, as nossas finanças públicas não se equilibrarão, a nossa economia não crescerá ao ritmo necessário e alguns sectores produtivos aproximar-se-ão, inevitavelmente, cada vez mais da rotura, ao mesmo tempo que o estigma do atraso estrutural profundo continuará a marcar a vida de todos nós", disse Artur Lima, líder da bancada parlamentar do CDS-PP, na Horta.

Numa declaração política que tinha como título "Os açorianos querem um Governo que governe", Artur Lima disse que a política de transportes aéreos e marítimos não atende às necessidades das populações e dos empresários e criticou a reestruturação da frota das embarcações de pescas e a falta de políticas na agricultura, que levaram produtores "à falência".

O líder centrista regional apontou falhas também na saúde, salientando que há listas de espera cirúrgicas "superiores a um ano" e empresários que anunciam a "suspensão de fornecimentos aos hospitais da região por falta de pagamento".

Por outro lado, destacou "o aumento do risco de pobreza e um exponencial crescimento do Rendimento Social de Inserção (RSI)", acrescentando que o "acréscimo do desemprego" demonstra que as políticas do executivo estão "consubstanciadas nos estágios e nos programas ocupacionais".

Em resposta, o secretário regional adjunto da Presidência para os Assuntos Parlamentares, Berto Messias, acusou o CDS de ter feito uma "declaração política apocalíptica" e de traçar um "cenário dantesco" da situação económica e social da região, escolhendo as estatísticas e os indicadores sociais "conforme dá mais jeito".

"Eu nem precisaria de gastar muito tempo a contradizê-lo, porque quem contradiz o que o senhor apresentou são os resultados, são os empresários açorianos, são as açorianas e os açorianos", salientou, alegando que os resultados nas pescas, na agricultura e nos transportes "são inquestionáveis".

Segundo o governante, "há questões que têm de ser melhoradas", mas os Açores bateram "todos os recordes de que há memória" nos números das acessibilidades e da ocupação hoteleira.

Berto Messias rejeitou também que haja uma criação artificial de emprego, alegando que "98% do emprego criado nada tem que ver com programas ocupacionais".

As críticas ao Governo Regional chegaram também da bancada parlamentar do PSD, com António Vasco Viveiros a defender que em matérias de crescimento económico e emprego a região não está a convergir com a União Europeia e com Portugal.

O deputado social-democrata considerou que a conjuntura do Açores era "preocupante" e alertou para a possibilidade de a Região assumir a dívida de duas empresas públicas que vão ser extintas (Saudaçor e Sociedade de Promoção e Reabilitação de Habitação e Infraestruturas), que têm um passivo "superior a 800 milhões de euros".

Por seu turno, o deputado do PPM, Paulo Estêvão, disse que os açorianos "sabem que não vivem no paraíso", perguntando ao executivo como justificava o número de beneficiários de RSI, "o caos" dos sistemas de saúde e educação, o aumento das desigualdades sociais e do do risco de pobreza e o aumento do consumo de drogas.

Já o deputado socialista Francisco César acusou o CDS de falar de um clima de "desesperança, resignação e emergência regional, que na verdade não existe", dando como exemplo o crescimento do emprego, da iniciativa privada, da construção civil, do turismo, do comércio, do investimento público e do setor das pescas.

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