Oportunidades económicas em França
Com a implementação dos planos de recuperação por toda a União Europeia, muitas oportunidades económicas começam a surgir um pouco por toda a Europa. É preciso espírito empreendedor para as aproveitar. Hoje falemos do caso francês onde se abrem boas perspetivas para os portugueses em campos em que já têm créditos firmados.
A França depara-se hoje com uma crise no mercado de trabalho que tem travado o crescimento de vários setores. Para fazer face a esta escassez de mão-de-obra o Estado lançou um ambicioso plano que prevê a formação de cerca de um milhão e meio de trabalhadores e desempregados. Mas naturalmente a solução acabará por passar pela imigração, recrutando largos dezenas de milhar de trabalhadores estrangeiros.
Entre os setores mais ávidos de trabalhadores e que os não conseguem recrutar estão alguns em que a emigração portuguesa tem tradicionalmente contribuído para minimizar a escassez de mão-de-obra. Estes empregos encontram-se essencialmente na construção civil, na restauração, no transporte de mercadorias e nos serviços de apoio domiciliários.
Trata-se de áreas que podem paralisar o crescimento de várias indústrias, sem construção é difícil expandir fábricas e escritórios, sem transportes é impossível, fazer chegar aos mercados mais produtos. Sem restauração o turismo perde grande parte do seu valor. Sem os serviços domiciliários muitos trabalhadores de todos os outros setores terão de ficar em casa a cuidar dos familiares.
Estes setores também não podem ser colocados no estrangeiro nem importados. A construção em França não pode ser feita em Marrocos, embora muitos componentes da construção possam ser importados. O transporte de mercadorias no interior da França também não pode ser assegurado na Ásia. O apoio domiciliário não pode ser prestado à distância, nem em teletrabalho a partir dos Estados Unidos. São setores imunes à globalização. Exigem trabalhadores locais.
Se bem que não sejam setores de alta tecnologia, são setores estratégicos e de base para o crescimento económico de todos os países, como o Governo francês está agora a descobrir agora.
Estas são áreas em que os trabalhadores portugueses têm experiência e alguma formação e em que podem auferir salários muito superiores aos disponíveis no mercado nacional. Recorde-se que o ordenado mínimo em França se situa nos 1.589 euros mensais brutos ou seja 1.258 Euros líquidos, muito acima do ordenado médio nacional e bem acima do salário dos setores referidos. Uma boa oportunidade para muitos portugueses de melhorar a sua vida.
O diferencial entre os salários portugueses e os do centro da Europa está a alargar-se tornando atrativa a mudança para esses países.
As empresas portuguesas têm sido incapazes nas últimas décadas de encurtar esse diferencial através do aumento da produtividade baseado no investimento de capital. É, pois, natural que os trabalhadores queiram ser mais produtivos, com menos esforço e menos horas de trabalho, e, consequentemente, mais bem pagos noutras paragens.
O desinteresse pelas eleições nacionais, medido pelas altas taxas de abstenção, mostram um grande descomprometimento dos portugueses, nomeadamente os jovens, com o futuro do seu país, cidade, localidade. É porque muitos sabem e outros intuem que o seu futuro não se construirá aqui.