Óperas Chinesas: fusão artística de canto, dança e artes marciais
As óperas chinesas, caracterizadas pelas suas diversas maquilhagens faciais, trajes deslumbrantes, músicas melodiosas, tramas dramáticas e impressionantes desempenhos teatrais, irradiam o encanto singular da cultura chinesa, cativando muitos admiradores na China e em todo o mundo. Com mais de 800 anos de história, esta arte teatral é considerada um dos três mais antigos géneros teatrais do mundo, a par da tragédia e comédia do teatro grego e do drama Sânscrito da Índia.
A China, com as suas múltiplas etnias e regiões diversas, possui mais de 360 tipos de óperas, das quais, as cinco principais variedades são a Ópera de Pequim, Ópera Yue (principalmente difundida em Xangai e Província de Zhejiang), Ópera Huangmei (províncias de Hubei e Anhui), Ópera Ping (Província de Hebei) e Ópera Yu (Província de Henan). Há outras ainda, como a Ópera de Kunqu de Jiangsu, a Ópera Cantonesa e a Ópera Tibetana que também apresentam características únicas e foram classificadas, juntamente com a Ópera de Pequim, como Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO.
Por outro lado, as óperas chinesas são uma arte dramática em forma de música e dança, apresentada por meio das técnicas artísticas de "Chang (o canto), Nian (a recitação), Zuo (a atuação) e Da (as artes marciais)". Além disso, existem procedimentos específicos em aspetos como a pintura facial, a música vocal, os movimentos e expressões corporais, e os trajes e adereços nas óperas chinesas.
Tal como foi mencionado, "Chang, Nian, Zuo e Da" são as quatro aptidões fundamentais dos atores das óperas chinesas. "Chang" é a primordial e um método de canto sistematizado que varia de acordo com os diferentes papéis e tipos de ópera. "Nian" refere-se a um discurso com musicalidade. Os dois elementos complementam-se, formando a atmosfera musical das óperas chinesas.
Diferentes da ópera ocidental, a dança assume destaque nas óperas chinesas. "Zuo" é a atuação dos movimentos corporais estilizados como danças, para melhor retratar as personagens e tecer o enredo do drama. "Da" são artes marciais transpostas para uma expressão dançante, enriquecida pela beleza, ritmo e conflito dramático.
Ao assistirem aos espetáculos de ópera chinesa, os espetadores manifestam imediatamente por meio de aplausos e aclamações, a sua apreciação pela excelente desempenho dos atores. Esta maneira única cria uma interação entre os atores e o público, sendo um toque distinto das óperas chinesas que promove um ambiente descontraído para a apreciação do espetáculo.
Através da maquilhagem facial, é possível identificar os papéis distintos desempenhados pelos atores nas óperas chinesas. Por exemplo, na Ópera de Pequim, as personagens são divididas em diferentes categorias, tais como Sheng (homens), Dan (mulheres), Jing (personagens com rostos pintados), Mo (personagens idosas) e Chou (palhaços). Os Jing e Chou são particularmente notáveis pela sua maquilhagem facial colorida, que inclui padrões distintos desenhados no rosto para ilustrar as características específicas da personagem que representam.
A origem desta prática de pintura facial pode ser rastreada até à teoria popular chinesa de que a aparência de uma pessoa reflete a sua personalidade interna. Por exemplo, um rosto pintado de vermelho simboliza a lealdade, honestidade e coragem; um rosto preto é usado para personagens sérias e reservadas, indicando a força e inteligência; um rosto branco sugere a astúcia e desconfiança, com uma conotação negativa, representando a maldade; um rosto amarelo indica a bravura e temperamento volátil; e um rosto azul representa as personagens de caráter forte e indomável, entre outros.
As óperas chinesas inspiram-se, muitas vezes, em histórias e lendas populares. O drama Yuan O Órfão da Família Zhao é a primeira peça teatral clássica chinesa a ser introduzida na Europa, que relata a história do resgate e da busca por vingança de Zhao Wu. Em 1731, essa peça foi traduzida para o francês pelo padre jesuíta Joseph-Marie Amiot - que viveu na China durante um longo período -, sob o título L"Orphelin de la Maison de Tchao, que captou a atenção do literato francês Voltaire. Em 1753, este adaptou a história e criou a peça O Órfão da China (L"Orphelin de la Chine: la morale de Confucius en cinq actes), que recebeu uma resposta entusiástica do público. Seguidamente, foi apresentada em vários países europeus, como a França, o Reino Unido, a Alemanha, Itália, etc.
A Ópera Cantonesa é muito popular nas regiões de Guangdong, Hong Kong e Macau, onde se fala o cantonês, que se tornou naturalmente a língua usada neste tipo de espetáculo. Em 2003, mediante uma iniciativa conjunta dos governos destas regiões, declarou-se o último domingo de novembro como o Dia da Ópera Cantonesa, durante o qual são organizadas várias atividades e exibições para divulgar a cultura desta arte teatral e fomentar a intercâmbio e o desenvolvimento da Ópera Cantonesa entre essas regiões.
INICIATIVA DO MACAO DAILY NEWS